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Presidente alega falta de agenda, e Funed não recebe premiação do governo Lula
Fundação Ezequiel Dias, ligada ao governo de Minas, receberia Ordem Nacional do Mérito Científico

A Fundação Ezequiel Dias (Funed), vinculada ao governo de Minas Gerais e braço público responsável pela vigilância epidemiológica e produção de medicamentos e soros, deixou de receber uma honraria do governo federal nesta semana por uma alegada “falta de agenda”. Convocada para receber a Ordem Nacional do Mérito Científico em cerimônia em Brasília, a Funed não mandou representantes. A premiação foi entregue pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em conversa com a reportagem, o presidente da Funed Felipe Attiê disse que uma visita ao Instituto Butantan, em São Paulo, impediu a presença no evento do governo federal. “Estou em negociação para isso há dois meses. Eu tive que falar com o Tarcísio (de Freitas, governador de São Paulo pelo Republicanos) e os diretores para que a gente pudesse entender como é a produção de biológicos e das vacinas. Eu fiz uma imersão de dois dias. Não tinha como eu deixar de fazer isso para receber o prêmio que chegou (o convite) na véspera. Esse povo faz tempestade em copo d’água”, afirmou.
Professores, pesquisadores e entidades receberam a honraria das mãos de Lula. Entre os órgãos públicos estão a Academia Nacional de Medicina (ANM), a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e o Museu Paraense Emílio Goeldi. Um ofício, enviado por Attiê à reportagem, mostra que o convite para o evento foi feito nessa segunda-feira (10/7), dois dias antes da premiação, pela ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos.
Ainda assim, a decisão de Attiê repercutiu mal entre os servidores da Funed, a partir de uma série de divergências entre as partes desde que o ex-deputado estadual assumiu a presidência. “A Funed recebeu o convite por sua história na contribuição à ciência e à tecnologia. Mas, a presidência se recusou a receber esse prêmio, demonstrando, mais uma vez, que não está do nosso lado. Ele tem vindo à imprensa para detonar a Fundação Ezequiel Dias", diz Érico Colen, diretor do Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde/MG) e servidor da fundação há 17 anos.
Assembleia dificultada
Diante dos ruídos entre os funcionários públicos da Funed e Felipe Attiê, uma assembleia dos servidores que aconteceria às 13h desta sexta-feira (14/7) no auditório da fundação precisou ar por alterações. O diretor do Sind-Saúde/MG Érico Colen alega que foi impedido de entrar nas dependências do equipamento público, apesar de trabalhar nele. Com isso, a reunião aconteceu com ele do lado de fora, conversando com os servidores pela grade.
“A presidência da Funed não autorizou fazer a Assembleia. Não me autorizou fazer em outro lugar. Estou aqui com vários panfletos, impressões e cartas de repúdio à presidência pelas ações que eles têm tomado de desmonte da fundação. Estão desmontando a engenharia e vários setores", afirma Érico.
A reportagem questionou Felipe Attiê sobre a assembleia dos servidores. Ele disse que não havia disponibilidade do auditório para a realização da reunião. "Hoje, tínhamos uma reunião da assessoria de comunicação para conversar sobre os 116 anos da Funed, que serão comemorados em agosto. O sindicato tem que entender que nós vamos seguir a lei. Não podemos ter uma assembleia dentro da estrutura da Funed no meio do horário de serviço. Ele está afastado para exercer o trabalho sindical. Mas, quer ter uma carteirinha para entrar e sair da fundação em qualquer hora. Eu recebo ele bem aqui, mas ele quer chegar e arrebentar com tudo"
Em entrevista exclusiva a O TEMPO em maio, o presidente da Funed disse que aposta em parcerias público-privadas para retomar investimentos na estrutura. A intenção dele é fazer profundas mudanças na entidade para otimizar os resultados. “Temos um processo de compra que leva entre quatro e nove meses, que inviabiliza uma istração eficiente aqui. Além disso, eu não tenho Procuradoria fixa. Então, dependo da Advocacia Geral do Estado. É um fluxograma surreal. Se eu colocasse ele aqui impresso, daria mais de cinco metros de papel para comprar um insumo da Europa”, disse à época.