ATAQUE AOS 3 PODERES

PGR denuncia ao STF mulher que pichou 'perdeu, mané' em estátua da Justiça no 8 de janeiro

Débora Rodrigues dos Santos foi presa em março de 2023; nos últimos dias, vídeos dos filhos dela pedindo a liberdade da mãe circularam nas redes sociais

Por Lucyenne Landim
Atualizado em 16 de julho de 2024 | 09:52

BRASÍLIA - A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Débora Rodrigues dos Santos, a mulher que pichou a frase “perdeu, mané” na estátua da Justiça em 8 de janeiro de 2023, ao Supremo Tribunal Federal (STF). A ação foi flagrada em fotos e vídeos nos registros dos atos no lado de fora da Suprema Corte, onde a estátua está localizada. 

O STF irá, agora, julgar se aceita a denúncia oferecida pela PGR. Caso aceite, Débora se tornará ré no processo. A denúncia está sob sigilo, mas teria sido apresentada no início deste mês.

Os crimes atribuídos a ela são de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, com emprego de substância inflamável e com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado. 

Débora foi presa em 17 de março do ano ado em uma fase da operação Lesa Pátria, deflagrada pela Polícia Federal (PF) contra suspeitos de participarem da invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília (DF). A prisão preventiva dela foi renovada em junho do mesmo ano.

A frase utilizada por Débora para a pichação faz alusão à fala do atual presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, em reação a um grupo de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que o hostilizaram durante uma viagem aos Estados Unidos, em novembro de 2022. “Perdeu, mané, não amola”, disse ele.

A defesa da mulher alega que a prisão dela, que já dura quase 500 dias, “ultraa o princípio da razoabilidade”. O advogado de Débora também criticou a transferência dela para Tremembé, no interior de São Paulo, distante 229 quilômetros de onde mora, na cidade de Paulínia (SP). O argumento é de que a transferência “fere de morte a proteção integral da criança, visto que Débora tem dois filhos menores”. 
 
Na última semana, políticos ligados a Bolsonaro circularam em seus perfis em redes sociais um vídeo em que os dois filhos de Débora, que são crianças, pedem pela liberdade da mãe. As publicações endossaram críticas ao ministro do STF Alexandre de Moraes, que é relator das ações do 8 de janeiro, e defenderam a defesa pela aprovação pelo Congresso Nacional da anistia aos envolvidos nos ataques.