POLÍTICA EXTERNA

Embaixada dos EUA diz que representante de Trump vem ao Brasil tratar de segurança e não cita sanções a Moraes 675v4z

O deputado licenciado Eduardo Bolsonaro afirmou que coordenador de sanções dos EUA vem para encontrar o pai dele e tratar de sanções a Moraes 614s6l

Por Renato Alves
Publicado em 04 de maio de 2025 | 21:00
 
 
Comitiva com pelo menos 17 parlamentares de oposição foi aos Estados Unidos para posse de Trump; na foto, Eduardo Bolsonaro no encontro de conservadores em fevereiro de 2024 Foto: Mandel Ngan/AFP

BRASÍLIA – A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil não confirmou a declaração do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) que o coordenador de sanções do Departamento de Estado norte-americano, David Gamble, desembarca em Brasília na segunda-feira (5) para tratar de sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e outras autoridades brasileiras.

No sábado (3), Eduardo, que em março deixou o cargo público e o Brasil para morar nos EUA, afirmou em entrevistas e em redes sociais que este era um dos motivos para Gamble vir ao Brasil nesta semana. Mas, neste domingo (4), a embaixada norte-americana disse, em nota, que o representante de Donald Trump e comitiva virão discutir temas ligados à segurança pública e ao crime organizado.

“Ele (Gamble) participará de uma série de reuniões bilaterais sobre organizações criminosas transnacionais e discutirá os programas de sanções dos EUA voltados ao combate ao terrorismo e ao tráfico de drogas”, informou a representação diplomática norte-americana na nota. Gamble, chefe interino da Coordenações de Sanções do órgão equivalente ao Ministério das Relações Exteriores.

A visita da comitiva norte-americana foi tratada com o governo brasileiro. A viagem faz parte de uma agenda oficial de cooperação entre Brasil e EUA. Gamble tem agenda no Itamaraty, Ministério da Justiça e outros órgãos federais. Em abril, outra missão buscou áreas de aproximação entre Brasil e EUA, principalmente diante da ação da Casa Branca contra gangues estrangeiras. Também em abril, a polícia norte-americana anunciou a prisão de 18 brasileiros, sob a suspeita de participar de ações do PCC.

O comunicado não cita qualquer encontro com adversários do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro Alexandre de Moraes. Muito menos fala em sanções a qualquer autoridade brasileira. Eduardo Bolsonaro havia dito que foi ele quem convenceu o governo Trump a enviar um representante ao Brasil para debater sanções a brasileiros. Também garantiu que Gamble vai se encontrar comr parlamentares de direita e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). 

A justificativa para sanções a Moraes e outras autoridades seria a Lei Magnitsky, que prevê a aplicação de sanção a pessoas acusadas de violação de direitos humanos e corrupção. Bolsonaristas alegam que o ministro do STF violou os direitos humanos ao agir contra a liberdade de expressão de pessoas nos EUA ao pedir bloqueio de perfis e informações a big techs.

Entre as punições previstas pelo governo norte-americano para esses casos, estão a proibição de entrada nos Estado Unidos, assim como o bloqueio financeiro a instituições financeiras com base no país, como empresas de cartão de crédito.

Aliados de Bolsonaro pretendem convencer o representante do governo norte-americano a impor sanções contra outras autoridades brasileiras, como o procurador-geral da República, Paulo Gonet. Moraes é o relator de ações contra Bolsonaro e aliados no STF. As denúncias foram apresentadas por Gonet, com base em investigações da Polícia Federal.

Na terça-feira (6), a Primeira Turma do Supremo julga grupo de militares da reserva e civis que integram o chamado “núcleo 4” da denúncia feita pela PGR por suposta participação na tentativa de golpe. Bolsonaro e integrantes da istração dele já foram tornados réus nesse processo, que envolve cinco crimes.