NO PLANALTO

Lula defende Haddad e diz que Kassab foi ‘injusto’ ao criticá-lo: ‘um ministro extraordinário’

Presidente da República ainda ironizou a previsão do dirigente do PSD, partido da base aliada, de que se eleição fosse hoje o PT sairia derrotado: ‘eu comecei a rir’

Por Hédio Ferreira Júnior
Atualizado em 30 de janeiro de 2025 | 13:51

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ironizou a declaração do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, de que se a eleição fosse hoje o PT sairia derrotado, durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto, nesta quinta-feira (30). 

Dirigente da legenda que compõe a base aliada e secretário de Governo e Relações Institucionais da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), em São Paulo, Kassab afirmou que Lula nas urnas não estaria na condição de favorito, mas de perdedor.

“Quando eu vi a história do companheiro Kassab eu comecei a rir. Porque como ele disse que se a eleição fosse hoje eu perderia, eu olhei no calendário e percebi que a eleição vai ser só daqui a dois anos. Eu fiquei muito despreocupado porque hoje não tem eleição”, declarou rindo. 

Injustiça com o ministro da Fazenda

O presidente da República aproveitou a ocasião para defender o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que vem sendo alvo de ataques da oposição e de críticas até mesmo de aliados, como Kassab.

Segundo o presidente do PSD, o sucesso da economia de um governo depende de um ministro forte na área, o que não seria o caso do atual condutor da pasta que teria “dificuldade de comandar”.

“É importante a gente lembrar: eu posso não gostar pessoalmente de uma pessoa. Eu posso ter crítica pessoal àquela pessoa. Mas não reconhecer que o companheiro Haddad começou o nosso governo coordenando a PEC da Transição…”, afirmou o presidente Lula 

Lula ressaltou ainda o poder de articulação de Fernando Haddad no Congresso Nacional e, mais especificamente, na Câmara dos Deputados, onde o PT é minoria e, ainda assim, conseguiu aprovar matérias importantes para o fechamento das contas do governo. 

“A gente não tinha dinheiro para governar o país em 2023. E nós conseguimos num Parlamento totalmente adverso, em que meu partido tinha só 70 deputados em 513, a gente conseguiu aprovar a PEC da Transição que permitiu a gente ter dinheiro para cuidar das políticas, pagar inclusive dívidas do governo ado e ainda teve política para fazer mais investimento em educação e também no Bolsa Família”, defendeu.

“Eu acho que o Haddad é um ministro extraordinário”. Em sua resposta às declarações de Kassab, Lula evitou entrar em conflito e rebater as críticas ao presidente do PSB, tido como um dos maiores articulistas da política nacional. 

"A segunda coisa foi o arcabouço fiscal. E a aprovação da reforma tributária. Jamais houve uma reforma tributária feita num regime democrático, com o Congresso trabalhando de forma independente, a imprensa fazendo as críticas. E foi um milagre a gente fazer uma reforma tributária. Só por isso o Haddad já deveria ser elogiado pelo Kassab, mas eu não vou pedir pra elogiar se ele não quiser", completou.

Na atual composição da Esplanada dos Ministérios, o PSD tem três ministros: Minas e Energia, Agricultura e Pesca. A legenda, no entanto, lida com a insatisfação de seus quadros que não conseguem emplacar apadrinhados em cargos da máquina federal e também com aqueles que resistem em aderir à gestão petista no Palácio do Planalto.