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Entenda sobre a alta dos preços dos alimentos e as medidas que são estudadas pelo governo Lula

Presidente Lula comandou reunião com ministros nesta sexta-feira (24) para discutir medidas para baratear o preço dos alimentos

Por Ana Paula Ramos, Lara Alves e Levy Guimarães
Publicado em 24 de janeiro de 2025 | 16:55

BRASÍLIA — O preço de alimentos primordiais para o cotidiano do brasileiro disparou nos últimos meses, e o aumento nos valores nas prateleiras dos mercados ameaça a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

A alta é puxada por carnes, leite e café, e também impacta arroz e feijão. Indispensáveis para a população, eles são os vilões da inflação na mesa do brasileiro e acumulam tendência de escalada há mais de 11 meses. 

O aumento nos preços é fruto de uma combinação de fatores. As mudanças climáticas têm impactado a produção de alimentos no país, diminuindo as safras e reduzindo a oferta no mercado interno. 

As questões climáticas respondem pelo aumento no preço do café — o calor impactou a safra, e o preço da saca disparou 120% entre 2024 e 2025, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP). 

Outro elemento que contribuiu para a alta dos alimentos no Brasil foi a disparada do dólar. Em 2024, o real registrou seu pior desempenho diante da moeda norte-americana desde 2020. O dólar alto é um elemento de pressão porque favorece as exportações e reduz a oferta no mercado interno — é o que justifica o aumento no preço das carnes no Brasil. 

A insatisfação dos brasileiros atingiu a popularidade da gestão Lula e acendeu o alerta no Palácio do Planalto. Na última segunda-feira (21), o petista cobrou os ministros por uma solução rápida para conter a alta nos preços

A pressão recai principalmente sobre Carlos Fávaro, da Agricultura, e Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário, que se reuniram com Lula e Rui Costa, ministro da Casa Civil, nesta sexta-feira (24), para tratar de medidas que acelerem a redução dos preços. 

Veja quais medidas são estudadas por Lula para diminuir preços dos alimentos 

A prioridade da equipe de Lula é garantir a diminuição dos preços e frear a queda na popularidade. A longo prazo, os ministros apostam que a safra deste ano será recorde, e a recuperação é tratada como determinante para uma alta menor dos alimentos em 2025. 

"De 2024 para 2025, além de estimularmos através do maior Plano Safra da história, Deus nos abençoou com um clima muito favorável. Nós teremos, então, um aumento da produção, o que faz com que a estabilidade dos preços dos alimentos possa ser estabelecida", afirmou Fávaro. 

A curto prazo um conjunto de medidas deve ser adotado; entretanto, o ministro Rui Costa negou que serão adotadas práticas intervencionistas. "Nenhuma medida heterodoxa será adotada. Não haverá congelamento de preços, tabelamento, fiscalização. Não terá fiscal do Lula. Não terá rede estadual de lojas. Isso sequer foi apresentado nesta, nem em nenhuma reunião", afirmou nesta sexta-feira. 

Boatos sobre o abrandamento das regras de vencimento de produtos alimentícios também foram descartados. A sugestão foi feita ao presidente Lula em dezembro pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), mas o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, descartou a hipótese nessa quinta-feira (23). 

Saiba quais medidas são discutidas pelo governo Lula: 

Importação: 

O governo reduzirá a alíquota de importação de alimentos cujos preços estejam mais baixos no mercado internacional quando comparados com os valores praticados no mercado brasileiro. 

Plano Safra: 

Os ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário discutirão uma ampliação do Plano Safra para estimular a produção de alimentos — principalmente os que compõem a cesta básica do brasileiro.

A intenção é aumentar a oferta para reduzir o preço no mercado. Fávaro e Paulo Teixeira não detalharam, entretanto, quais mudanças e quais incentivos serão adotados na nova versão do Safra. 

Vale-refeição e vale-alimentação: 

Haddad indicou que uma possibilidade é regulamentar a portabilidade do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT). A mudança permitiria que os empregados pudessem decidir qual empresa seria a gestora seus tíquetes.

O ministro acredita que a medida pode baratear a taxa cobrada pelas as dos cartões. Outra sugestão é obrigar que todas as máquinas de cartão aceitem as bandeiras, e não apenas os estabelecimentos credenciados.