A indicação do ex-secretário de Governo Igor Eto (Novo) como assessor da vice-presidência do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) pode provocar um desconforto nos bastidores. Após ar pouco mais de três anos à frente da Secretaria de Governo, Eto deve ser nomeado até a próxima sexta-feira (1°/9) e assumir as relações institucionais, ou seja, atender às demandas de deputados e prefeitos. No entanto, essas mesmas atribuições, atualmente, já são exercidas pelo vice-presidente Antônio Claret Jr. (Novo).
As funções levariam Eto, que deve chegar ao BDMG com três assessores, a ter status de vice-presidente, como confirmado pelo Aparte. A acomodação do ex-secretário como assessor foi a alternativa encontrada para contornar o estatuto da empresa, já que a criação de uma nova vice-presidência precisaria ser aprovada pelo Conselho de istração e, depois, pelo Banco Central, assim como a indicação de Eto para a vice, o que levaria um período razoável de tempo.
Porém, a interlocução com deputados e, sobretudo, prefeitos, que representam uma parcela significativa dos clientes do BDMG, esvaziaria as competências de Claret Jr. como vice-presidente, como observam pessoas ligadas à instituição. Segundo as fontes internas, ele ficaria responsável pelos assuntos jurídicos, sendo que, recentemente, o BDMG criou uma diretoria para a área, que ainda está vaga.
Interlocutores do Novo apontam que, na nova organização da alta cúpula, caberá ao presidente do BDMG, Gabriel Viégas Neto, acomodar tanto Eto quanto Claret Jr., que assumiu a vice-presidência há apenas quatro meses, no último mês de abril, depois de integrar o Conselho Fiscal do banco quando ainda era diretor-geral da Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário de Minas (Arsae).
Questionado, o banco informou que Eto será nomeado assessor no dia 1° de setembro e que ele “reforçará, de forma positiva, a atuação institucional do BDMG, trazendo sua experiência do período em que esteve à frente da Secretaria de Estado de Governo”. Disse ainda que “com isso, o BDMG ampliará o alcance de seu relacionamento institucional, gerando benefícios para a população mineira”.
O retorno de Eto para o governo seria um pedido de Zema. Apesar de enfrentar resistência do núcleo duro do Novo, Eto seria bem estimado pelo governador. Em entrevista à FM O TEMPO 91,7 ainda em julho, Zema, inclusive, assegurou que o ex-secretário, que, segundo ele, foi quem pediu a exoneração, voltaria “em breve” ao governo. “Ele estava cansado, se sentindo de certa maneira desgastado, porque se criou, principalmente dentro do partido (Novo), uma sensação de que ele deveria ter entregue mais”, disse o governador à época.
A princípio, Zema, inclusive, teria sondado Eto para assessorá-lo diretamente quando voltasse ao governo, o que não avançou. Então, aram a ser discutidas alternativas para acomodar o ex-secretário na istração pública indireta, como, por exemplo, na Companhia de Desenvolvimento (Codemge), onde ele foi cotado como vice-presidente.
Entretanto, a indicação seria barrada pela Lei das Estatais - Lei 13.303/2016 -, já que o ex-secretário coordenou a campanha de Zema à reeleição no ano ado. A Lei das Estatais veda a indicação de quem tenha atuado, durante os 36 meses anteriores à nomeação, em “estrutura decisória de partido político ou em trabalho vinculado à organização, estruturação e realização de campanha eleitoral”.