e mais publicações de Negócio e Franquia

Negócio e Franquia

A Negócio e Franquia é uma empresa especializada em conteúdo sobre Franquias, Shopping Centers, Varejo, Gestão e Capacitação com o foco em ajudar empresários que pretendem melhorar a sua gestão e pessoas que se interessam e sonham em empreender também de forma assertiva.

NEGÓCIO E FRANQUIA

Todo mundo perde quando as pequenas empresas vão mal

Faturamento das pequenas e médias empresas no primeiro trimestre de 2025 é o pior desde 2021

Por Gabriel Molnar e Rodrigo Campelo
Atualizado em 08 de maio de 2025 | 17:22

O faturamento das pequenas e médias empresas brasileiras encolheu 1,2% no primeiro trimestre de 2025, comparado ao mesmo período do ano anterior. O dado, registrado pelo Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs, é o pior desde o final de 2021 e reforça um alerta: o consumo perdeu força, e a economia brasileira começa a sentir os efeitos.

Cerca de 80% dos empregos formais do país vêm dessas empresas, o que faz delas um termômetro direto da atividade econômica. Quando os pequenos negócios sofrem, o reflexo atinge toda a cadeia produtiva, do comércio ao setor industrial. Dessa vez, o recuo não está concentrado em um setor específico, mas espalhado por áreas estratégicas como serviços, indústria e infraestrutura, o que evidencia que o problema é sistêmico.

O que está por trás da queda nas pequenas empresas?
A deterioração do consumo explica parte do quadro. O brasileiro está comprando menos e cortando gastos até com itens essenciais. Segundo pesquisa Datafolha, 58% da população reduziu o consumo de alimentos, impactando diretamente mercados, pequenos varejistas e prestadores de serviço. Esse comportamento se reflete no comércio: as vendas caíram em 17 estados e o e-commerce registrou um tombo de quase 13% em março, puxado pela retração em setores como vestuário, móveis e eletrodomésticos.

Essa diminuição do consumo é reflexo de uma combinação de fatores. Inflação persistente, juros elevados e incertezas fiscais pressionam o orçamento das famílias, que tentam equilibrar os gastos essenciais. 

Outro entrave é o crédito caro. Com a Selic em patamar elevado, financiar capital de giro exige um esforço maior. Empresários enfrentam dificuldades para manter estoques, pagar funcionários e até mesmo continuar operando, o que trava investimentos e impede o crescimento de negócios que poderiam impulsionar a economia. Quem pode, adia planos de expansão. Quem não pode, corta onde for possível — incluindo pessoal, estrutura e, em alguns casos, o próprio negócio.

Crise regional

Nem todas as regiões enfrentam o mesmo impacto. Dados do Índice Omie revelam que, enquanto Sudeste e Centro-Oeste tiveram crescimento modesto, o Norte do país viu o faturamento despencar mais de 10%.

O Sul e o Nordeste apresentam variações menos intensas, mas os sinais de desaceleração também aparecem. No Sul, a indústria registrou queda no faturamento, puxada por setores como o têxtil e o automotivo. No Nordeste, o comércio e os serviços sentiram impacto maior, reflexo da redução do poder de compra da população.

Efeito dominó

Quando as pequenas empresas vão mal, os reflexos aparecem em outras áreas da economia. A dificuldade financeira leva à estagnação das contratações e, em muitos casos, ao aumento das demissões.

Há ainda o impacto na cadeia produtiva. Pequenos negócios costumam ser fornecedores e clientes de empresas maiores. Quando diminuem a atividade, isso afeta toda a rede de produção, desde indústrias até transportadoras e distribuidores. Esse efeito cascata torna a recuperação econômica mais lenta e difícil.

O que esperar daqui para frente?

Se as pequenas empresas estão desacelerando, é porque o consumo travou. E sem consumo, a economia tende a caminhar a os mais lentos.

Ainda há expectativa de crescimento do PIB em torno de 2% em 2025, mas com sinais preocupantes: o avanço pode ser desigual e pouco sustentável se a base da economia — os pequenos negócios — continuar fragilizada.