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Todo mundo perde quando as pequenas empresas vão mal
Faturamento das pequenas e médias empresas no primeiro trimestre de 2025 é o pior desde 2021
O faturamento das pequenas e médias empresas brasileiras encolheu 1,2% no primeiro trimestre de 2025, comparado ao mesmo período do ano anterior. O dado, registrado pelo Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs, é o pior desde o final de 2021 e reforça um alerta: o consumo perdeu força, e a economia brasileira começa a sentir os efeitos.
Cerca de 80% dos empregos formais do país vêm dessas empresas, o que faz delas um termômetro direto da atividade econômica. Quando os pequenos negócios sofrem, o reflexo atinge toda a cadeia produtiva, do comércio ao setor industrial. Dessa vez, o recuo não está concentrado em um setor específico, mas espalhado por áreas estratégicas como serviços, indústria e infraestrutura, o que evidencia que o problema é sistêmico.
O que está por trás da queda nas pequenas empresas?
A deterioração do consumo explica parte do quadro. O brasileiro está comprando menos e cortando gastos até com itens essenciais. Segundo pesquisa Datafolha, 58% da população reduziu o consumo de alimentos, impactando diretamente mercados, pequenos varejistas e prestadores de serviço. Esse comportamento se reflete no comércio: as vendas caíram em 17 estados e o e-commerce registrou um tombo de quase 13% em março, puxado pela retração em setores como vestuário, móveis e eletrodomésticos.
Essa diminuição do consumo é reflexo de uma combinação de fatores. Inflação persistente, juros elevados e incertezas fiscais pressionam o orçamento das famílias, que tentam equilibrar os gastos essenciais.
Outro entrave é o crédito caro. Com a Selic em patamar elevado, financiar capital de giro exige um esforço maior. Empresários enfrentam dificuldades para manter estoques, pagar funcionários e até mesmo continuar operando, o que trava investimentos e impede o crescimento de negócios que poderiam impulsionar a economia. Quem pode, adia planos de expansão. Quem não pode, corta onde for possível — incluindo pessoal, estrutura e, em alguns casos, o próprio negócio.
Crise regional
Nem todas as regiões enfrentam o mesmo impacto. Dados do Índice Omie revelam que, enquanto Sudeste e Centro-Oeste tiveram crescimento modesto, o Norte do país viu o faturamento despencar mais de 10%.
O Sul e o Nordeste apresentam variações menos intensas, mas os sinais de desaceleração também aparecem. No Sul, a indústria registrou queda no faturamento, puxada por setores como o têxtil e o automotivo. No Nordeste, o comércio e os serviços sentiram impacto maior, reflexo da redução do poder de compra da população.
Efeito dominó
Quando as pequenas empresas vão mal, os reflexos aparecem em outras áreas da economia. A dificuldade financeira leva à estagnação das contratações e, em muitos casos, ao aumento das demissões.
Há ainda o impacto na cadeia produtiva. Pequenos negócios costumam ser fornecedores e clientes de empresas maiores. Quando diminuem a atividade, isso afeta toda a rede de produção, desde indústrias até transportadoras e distribuidores. Esse efeito cascata torna a recuperação econômica mais lenta e difícil.
O que esperar daqui para frente?
Se as pequenas empresas estão desacelerando, é porque o consumo travou. E sem consumo, a economia tende a caminhar a os mais lentos.
Ainda há expectativa de crescimento do PIB em torno de 2% em 2025, mas com sinais preocupantes: o avanço pode ser desigual e pouco sustentável se a base da economia — os pequenos negócios — continuar fragilizada.