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Varejo sente o baque: queda em 17 estados e retração no consumo 574732

Setor recua 1,6% em março, mas Páscoa traz alívio com expectativa de R$ 3,36 bilhões em vendas g445k

Por Negócio e Franquia - Gabriel Molnar e Rodrigo Campelo
Atualizado em 14 de abril de 2025 | 16:39
 
 
Queda no varejo reforça aperto no bolso das famílias Foto: freepik.com

O varejo brasileiro registrou uma queda expressiva em março, refletindo a pressão sobre o orçamento das famílias. O Índice do Varejo Stone (IVS) mostra que as vendas recuaram 1,6% em março e 1,8% em comparação ao ano ado, marcando o segundo mês consecutivo de retração. Ao todo, 17 estados viram suas vendas encolherem, um claro sinal de desaquecimento da economia e de que o consumidor tem se mostrado mais cauteloso.

Com os preços dos alimentos disparando, a situação só se agrava. O orçamento familiar está sendo esmagado pelas altas constantes no supermercado, deixando pouco espaço para gastos com produtos não essenciais. Até setores tradicionais do varejo, como vestuário e móveis, estão patinando, refletindo o aperto no poder de compra das famílias.

O comércio digital sentiu o impacto ainda mais forte: as vendas online despencaram 12,9% em março, enquanto o comércio físico teve uma leve queda de 0,1%. A inflação persistente enfraquece o poder aquisitivo, tornando cada vez mais difícil a recuperação no consumo.

Mapa da retração: 17 estados no vermelho 1w383f

A retração foi notável em diversas regiões. O Rio Grande do Sul liderou a lista, com uma queda de 8,2% nas vendas, seguido por Rondônia (-5,5%), Rio Grande do Norte (-5,2%) e Mato Grosso do Sul (-4,8%). Outros estados que também fecharam março em queda incluem Santa Catarina (-3,4%), Paraná (-2,9%) e Minas Gerais (-2,2%).

Mesmo os maiores mercados do país sentiram a desaceleração. São Paulo, o maior estado em volume de vendas, teve um recuo de 1,4%. No total, apenas alguns segmentos, como supermercados e produtos alimentícios, conseguiram escapar da queda, com um aumento de 2,2% nas vendas.

O setor de material de construção mostrou alguma resistência, com uma alta de 3,2% nas vendas em março. Já combustíveis e lubrificantes tiveram uma leve alta de 2,3%. Por outro lado, livros e papelaria (-13,6%), móveis e eletrodomésticos (-8,8%) e vestuário (-3,9%) puxaram o desempenho geral para baixo.

Páscoa: resiliência no consumo, apesar das dificuldades 263k6f

Apesar de um cenário de retração, a Páscoa de 2025 trouxe uma leve luz no fim do túnel. Mesmo com os preços dos chocolates e produtos típicos em alta — com o chocolate subindo 18,9%, o maior aumento em 13 anos — o comércio deve movimentar R$ 3,36 bilhões, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC).

Embora o volume de vendas tenha caído 1,4% em relação ao ano ado, já descontada a inflação, a Páscoa permanece uma das datas mais importantes do varejo. A cesta de bens tradicionais subiu 7,4%, com aumentos significativos também no bacalhau (+9,6%) e no azeite de oliva (+9%).

Queda nas importações reforça tendência de consumo contido 371g30

Outro reflexo do consumo mais contido está nas importações. Em março, a entrada de chocolates importados caiu 17,6%, enquanto o volume de bacalhau diminuiu 11,7%. Esse movimento indica que os consumidores estão buscando alternativas nacionais ou optando por cestas de consumo mais enxutas.

Sem um alívio estrutural, como a queda consistente da inflação, o varejo deverá continuar operando com cautela nos próximos meses, ajustando-se à nova realidade econômica.