EDITORIAL

Conclave define futuro da Igreja Católica 604s62

Sobre os 133 cardeais reunidos, responsabilidade pesa mais que o dever de escolher o novo papa oz9

Por Editorial O TEMPO
Publicado em 07 de maio de 2025 | 07:00
 
 
Basílica de São Pedro, no Vaticano (foto Dimitar DILKOFF /AFP) Foto: AFP or licensors

Sobre os 133 cardeais reunidos em conclave, mais que o dever de escolher o novo papa, pesa a responsabilidade do futuro da Igreja Católica. Ao longo dos últimos 12 anos, Francisco lutou contra forças de desgaste do catolicismo, estagnação do número de fiéis no mundo, retração das vocações e expansão de novas crenças no Brasil. 

Em um ano, o número de católicos em todo o mundo avançou 1,15%, mas os 1,4 bilhão de fiéis contabilizados pelo último Anuário Apostólico há anos representam pouco mais de 17% da população do planeta – mal compensando o crescimento demográfico vegetativo – e graças, basicamente, às conversões em continentes como África, Ásia e Oceania. Regiões ainda mal representadas no colégio cardinalício, alimentando tensões no horizonte de distribuição de poder no Vaticano. 

Queda no número de seminaristas 575ip

Para esta comunidade numericamente estável, há cada vez menos perspectivas de novos padres devido à crise vocacional. Desde 2012, o número de seminaristas vem caindo e hoje mal a de 100 mil. No último ano, a queda na Europa foi de 4,9% e nas Américas, de 1,3%. O que representa uma carga pastoral cada vez maior para uma comunidade de sacerdotes cada vez mais idosa. 

Um terceiro desafio desponta no país que, sozinho, responde por 13% de toda a população católica do mundo. No Brasil, os evangélicos cresceram 60% em apenas uma década e, em 2026, somarão 35% dos cidadãos contra 50% dos católicos. Grupo este que, nos mesmos dez anos, encolheu 14 pontos percentuais. As projeções são de que os lugares se inverterão até 2032. Sem falar no número de agnósticos e ateus, que até a década de 60 nem chegavam a 1% e hoje beiram 10% – superando o percentual de católicos e evangélicos entre jovens de grandes centros, como o Rio e São Paulo, por exemplo. 

Hoje, os olhos do mundo se voltam para o Vaticano em busca de respostas. E os cardeais sabem que precisam dá-las aos fiéis, mas, principalmente, que respostas que indiquem à Igreja Católica um caminho que não seja tão evanescente e imprevisível quanto o vagar de uma fumaça branca.