As vendas mundiais da fabricante de veículos elétricos Tesla caíram mais do que o previsto no primeiro trimestre, um impacto causado pelo papel de seu proprietário, Elon Musk, no governo do presidente americano, Donald Trump.
A marca tem sido alvo de críticas, atos de vandalismo, protestos e pedidos de boicote nos Estados Unidos e em outros países, enquanto Musk, o homem mais rico do planeta, também dono da SpaceX e da rede social X, promove cortes de empregos em agências federais americanas através do Departamento de Eficiência Governamental (Doge).
As vendas da Tesla caíram 13% no trimestre encerrado em 31 de março, com 336.681 carros vendidos contra 386.810 no mesmo período de 2024, devido a “uma perda na produção de várias semanas”, enquanto a empresa atualiza seu modelo Y.
Trata-se do menor volume de vendas da empresa em quase três anos, abaixo da faixa entre 355 mil e 360 mil estimados pela empresa Wedbush.
Os resultados ruins levaram o valor dos papéis da empresa a cair mais de 6% na abertura de Wall Street nesta quarta-feira.
Mas, durante o dia, se recuperaram para 5,33%, a US$ 282,73, depois que o site Politico revelou que Musk em breve vai deixar ou reduzir drasticamente sua participação no governo americano.
Segundo a publicação, “o presidente Donald Trump anunciou aos seus assessores, inclusive aos membros do seu gabinete, que Elon Musk se retirará nas próximas semanas” de suas obrigações na istração e concordaram em que ele manterá “um papel de apoio”.
Os resultados são “um desastre”, explicou o analista Dan Ives de Wedbush, segundo um comunicado.
"Enquanto mais político é... Mais a marca sofre, não tem discussão. Este trimestre foi um exemplo do dano que Musk está causando à Tesla", acrescentou o especialista, que há muito tempo defende o potencial tecnológico da marca.
Ross Gerber, dono da Gerber Kawasaki e dono de 250 mil ações da Tesla, opinou recentemente que Musk deveria deixar o conselho istrativo da empresa, em declarações à revista Newsweek.
A fabricante faz esforços para atualizar seus modelos, entre eles o popular Model Y, de 2020. As vendas da picape Cybertruck, lançada no fim de 2023, não atenderam às expectativas do mercado.
Em 20 de março, a Tesla fez um ‘recall’ de mais de 46 mil caminhosnetes Cybertruck, cujos painéis da carroceria corriam o risco de cair por causa de um defeito no adesivo usado em sua fabricação, segundo a Agência Americana de Segurança Viária (NHTSA).
O grupo não publicou a queda das vendas por países, mas os dados das autoridades locais mostram um retrocesso durante vários meses em vários países, especialmente na Europa.
Só no mês de março, suas vendas caíram 36,8% na França e 63,9% na Suécia, enquanto no primeiro trimestre caíram 56% na Dinamarca.
A Tesla impediu suas colocações em 49% acumuladas nos meses de janeiro e fevereiro na União Europeia, caindo para 19.046 veículos e 1,1% da cota de mercado, segundo dados publicados em 25 de março pela Associação de Construtores (ACEA).
Paralelamente, a marca, pioneira em veículos elétricos, enfrenta com sua linha já envelhecida uma enxurrada de novos modelos lançados por concorrentes, tanto europeus quanto asiáticos.
"É um momento de bifurcação", comentou Ives sobre os números publicados nesta quarta.
O analista instruiu Musk a avaliar o equilíbrio entre seus compromissos como diretor-executivo da Tesla e seu trabalho como conselheiro de Trump.
“Esta continua sendo a hora da verdade para que Musk atravesse esta crise da marca e chegue ao outro lado deste capítulo obscuro da Tesla”, destacou.