Só o Cruzeiro propôs no clássico. Mas estratégia é estratégia.
Se futebol pendesse para o ponto lógico, como uma luta de boxe, um observador alheio à paixão clubística teria dado ao Cruzeiro a vitória.
O Cruzeiro veio para propor no clássico. Fez isso. Teve volume, múltiplos escanteios, posse de bola, presença no campo ofensivo, bola no travessão. Apesar de não ter empilhado chances tão evidentes, a produção foi condizente com o momento do time, mas faltou, de fato, eficiência e capricho para sair do Mineirão com a vitória.
Há a frustração, é claro, pelo resultado não ter sido o positivo, mas se o futebol pendesse para o ponto lógico, um observador alheio à paixão clubística teria dado ao Cruzeiro a vitória. Mas o futebol não é uma luta de boxe, onde um triunfo pode ser determinado por pontos acumulados pelos golpes encaixados durante todo o confronto.
O futebol também é estratégia. O rival reservou-se ao direito de dar campo ao Cruzeiro, pifar a bola o máximo possível, povoar o meio-campo e defender-se na tentativa de encontrar uma bola fortuita para determinar o rumo da partida. Isso também faz parte do jogo e não há nenhum demérito em se comportar assim, expediente que o próprio Cruzeiro executava, por exemplo, quando por aqui estava Mano Menezes.
Eu, honestamente, não vejo nenhum problema quando um time decide priorizar o jogo defensivo. Até porque havia uma preocupação evidente do outro lado nesse quesito pela quantidade de gols sofridos nos últimos jogos.
Faltou ao Cruzeiro a qualidade necessária para superar esta parede e estabelecer-se no confronto com a vitória. Mesmo com a ausência do resultado, creio que o torcedor celeste tem que estar orgulhoso do time. O terceiro lugar no Brasileirão é uma prova da fase positiva e do quanto este time evoluiu, ao ponto de fazer o rival vir ao Mineirão com uma postura retraída, entendendo que era necessário até um jogo de sacrifício para travar a sequência que pende ao lado celeste.
Não vou nem entrar no mérito da arbitragem do clássico. A imagem é clara — tem até foto.
Por fim, todas as circunstâncias vividas no jogo desse domingo também servem de aprendizado, para que o Cruzeiro consiga encontrar caminhos em partidas com o roteiro semelhante ao duelo desse domingo. Em termos mentais, vi um time também mais inteiro, sem entrar na pilha que um duelo como esse impõe.
Tudo faz parte do processo e creio que o Cruzeiro está em um caminho positivo de evolução. E outra, o torcedor que viu esse time há dois meses, tem que valorizar demais o estágio atual de disputa pelo G4. Não parecia sequer que a Raposa estava perto de encontrar um rumo. A situação hoje é bem diferente e mais próxima do ideal que se planeja para um time do tamanho do Cruzeiro.