Conheça o Palácio d' Ouro, novo centro cultural de Ouro Preto, que mescla história, arte e natureza
Espaço proporciona experiência sensorial única aos visitantes em um complexo arquitetônico de 220 mil metros quadrados
OURO PRETO - O ouro é um metal nobre, brilhante, levemente amarelo-alaranjado. Já foi utilizado como moeda em vários momentos da história, inclusive, no Brasil, e é reserva de valor em alguns países. Para os astecas, ele era considerado tão sagrado e precioso que o chamavam de “suor do Sol”. Pois o ouro não só dá nome, como é o fio condutor de um novo espaço cultural de uma cidade que foi construída e ganhou fama justamente por conta dele.
O Palácio d’Ouro, centro cultural recém-inaugurado em Ouro Preto, é um complexo arquitetônico do século XVIII de 220 mil metros quadrados, que reúne jardins, 5 nascentes, 60 minas, mirantes com uma vista privilegiada da antiga Vila Rica, senzalas, seteiras (espaços para a proteção da casa principal, caso sofresse um ataque), além de edificações históricas com um acervo riquíssimo reunido ao longo de mais de 70 anos com peças dos séculos XVIII e XIX, que remontam ao nascimento do município.
Desde a sua fundação em 1705, a construção - conhecida como Casarão das Lajes, por conta do bairro onde está localizada - serviu de residência para importantes personalidades do ado como o Visconde de Caeté e o Barão de Saramenha, até que foi adquirida, em 2008, pelo ouro-pretano José Lucas de Toledo.
A neta dele, a museóloga Anna Maria Toledo conta que o sonho da família de transformar o espaço em um centro cultural começou a ganhar forma a partir dali. Além de sapateiro e pedreiro, José Lucas também garimpava móveis e artefatos dos séculos XVIII e XIX para vender aos turistas que vinham à cidade histórica e chegou a trabalhar no Casarão. “O meu avô prestava serviço de limpeza e manutenção para a antiga proprietária, e ela começou a colecionar móveis, objetos antigos. E meu avô ou a ajudá-la nesse sentido também e a se interessar por antiguidades. E dali ele não parou mais e abriu um antiquário na casa dele”, relata.
Ao longo dos anos, o patriarca dos Toledo foi prosperando e acumulando um acervo grande e significativo de verdadeiras raridades. “O acervo a gente já tinha, mas faltava um lugar para expor. Quando conseguimos comprar o casarão em 2008, era necessário fazer uma ampla, complexa e minuciosa restauração desse espaço que estava bem deteriorado. Todo o processo levou 15 anos. Quando ficou tudo pronto no começo de 2023, abrimos as portas ao público para visitação e inauguramos o Palácio d’Ouro”, destaca Anna Toledo, ao lado do pai Edson de Toledo, é diretora, proprietária e idealizadora do espaço.
O nome, aliás, se deve justamente ao fato da casa ter toda essa pompa de um palácio e de ser uma estrutura fortificada. “A gente tem essa diferença de palácio, que é o que fica em área urbana; já o castelo fica em área rural. Então, o nome ‘palácio’ se encaixou muito bem nesse espaço urbano de Ouro Preto por conta de sua estrutura e por ter sido residência de vários nobres. E, para além disso, a gente vai ter também o ‘d’ouro’, por conta da mineração que aconteceu aqui, além do próprio nome da cidade, Ouro Preto. E foi assim que surgiu o Palácio d’Ouro”, explica.