INOVANDO NO FUTEBOL

Primeiro time de futebol vegano do Brasil vê melhora de desempenho e celebra: "valor inegociável"

Confira entrevista com CEO e sócio-fundador do Laguna SAF, Gustavo Nabinger

Por Débora Elisa
Atualizado em 15 de outubro de 2024 | 13:49

No Rio Grande do Norte, um time de futebol se destaca para além dos feitos em campo. O Laguna SAF, que tem somente dois anos de vida, já disputa a segunda divisão do Campeonato Potiguar e é o primeiro time de futebol 100% vegano do Brasil, além de ser só o segundo do mundo. Para os fundadores do Laguna, o veganismo é mais do que uma dieta, é um valor inegociável.

E se engana quem acredita que não se alimentar de carne ou outros produtos de origem animal faz com que o rendimento do Laguna seja pior do que dos adversários. No estadual deste ano, por exemplo, é o segundo colocado após quatro jogos. Gustavo Nabinger, CEO e um dos fundadores do time, conversou com a reportagem de O TEMPO Sports e afirmou que a melhora no desempenho é não só visível, como comprovada.

“O que ficou mais evidente desde o início da operação, com o dos atletas de diversos lugares que já aram por aqui, tanto de base quanto profissional, é uma melhora significativa na recuperação entre um treino e outro e no pós-jogo. Os jogadores também reportam uma disposição maior para o treinamento da tarde, especialmente após o almoço, e também temos a redução significativa de lesões musculares, porque tu reduz a inflamação do corpo e isso tano auxilia na recuperação quanto previne lesões musculares”, explicou Gustavo Nabinger.

Com dois anos de existência, o Laguna já nasceu vegano. Dos três sócios-fundadores, dois são adeptos ao veganismo e o terceiro é vegetariano. Inclusive, os valores estão no estatuto e vão além de somente a alimentação sem carne. “Toda nossa operação, dentro do possível praticável, é dentro do conceito do veganismo criado pelo The Vegan Society. Então, todos os produtos de limpeza, alimentação, suplementação, o bar do estádio, a alimentação durante a viagem, os uniformes… tudo aquilo que é possível ser vegano, é vegano”, explicou.

O elenco faz cerca de seis refeições diárias no clube — todas isentas de produtos de origem animal. Além disso, a sustentabilidade também é um valor importante no Laguna, que foi a primeira SAF de futebol no Rio Grande do Norte. Constantemente, são feitos mutirões de limpeza de praias, além de haver uma compostagem no CT. O clube também preza pela diversidade, e atualmente tem um atleta indígena no plantel, além de um jogador do Panamá.


Gustabo Nabinger, CEO do Laguna

Parceria com a Sociedade Vegetariana Brasileira

Para manter tudo funcionando da melhor forma possível, o Laguna possui uma parceria com a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), que apoia em toda parte nutricional. O cardápio é elaborado por Mirna Ribeiro, uma chef vegana, que está no clube desde sua fundação.

Além disso, um grupo de nutricionistas veganos ligados à SVB acompanham todos os atletas individualizadamente, além de realizarem visitas às instalações do Laguna para verificar como estão as operações, fazerem treinamentos com as cozinheiras e dialogar com os atletas. Nenhum dos jogadores é obrigado a ser vegano fora das instalações do clube, mas Gustavo conta que alguns, inclusive, decidiram seguir esse estilo de vida por conta própria.

“Temos o Mangabeira, nosso primeiro capitão, que foi vegano aqui durante todo o período de contrato. O Gabrielzão ficou um ano e meio conosco e nos primeiros seis meses como vegano; depois, ele foi emprestado para outro clube e quando retornou nos relatou que tinha sentido uma melhora importante nos quesitos que mencionei e, por conta disso, ele ia adotar o veganismo até o final da temporada”, relatou.

“Agora no profissional temos o França, nosso capitão, que também tem se mantido fiel ao veganismo durante o período de contrato dele e tem relatado coisas interessantes. Temos outros atletas que não são veganos, mas que acabam adotando uma alimentação vegana na maior parte do tempo, e alguns outros que não se adaptam ou não gostam, enfim, e que acabam comendo fora do clube eventualmente em algumas refeições”, concluiu.