O deputado federal bolsonarista Otoni de Paula (PSC) declarou estar decidido em não recuar “um milímetro” dos posicionamentos expressados contra o Supremo Tribunal Federal (STF), que culminaram em um inquérito da Polícia Federal contra ele.
O parlamentar é investigado por “incitar a população, através das redes sociais, a praticar atos violentos e ameaçadores contra a Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições, bem como contra os membros dos Poderes", conforme o órgão.
Eleito pelo Rio de Janeiro no pleito geral de 18, Otoni de Paula é um pastor evangélico, cantor gospel e político de carreira, com agem, também, pela Câmara dos Vereadores do Estado que o levou ao Congresso. À época, nas eleições, ele recebeu 120.498 votos. Desde 2003, De Paula ou por quatro partidos – os extintos PSDC e PEN, além do MDB e da atual legenda.
Os atritos com o Supremo foram levados à Corte em julho de 2020, quando ele foi denunciado por prática de difamação, injúria e coação. O deputado divulgou um vídeo no qual se referia ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, como “lixo”, “esgoto” e “canalha”.
A publicação fez com que ele fosse incluído no inquérito que apura envolvimento de pessoas em atos antidemocráticos que ocorreram em diversas cidades e, em especial, na capital federal, Brasília.
Quando foi denunciado, Otoni era vice-líder do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) na Câmara e, devido à repercussão, entregou o cargo. Nesta sexta-feira (20), o deputado foi alvo de um mandado de busca e apreensão autorizado por Alexandre de Morais e pedido da Procuradoria-Geral da República, encabeçada por Augusto Aras.
O desdobramento fez parte de um conjunto de 29 mandados autorizados pelo decano. Em relação a De Paula, policiais federais estiveram em, ao menos, quatro endereços no Rio de Janeiro e Brasília ligados ele.
Em resposta, Otoni publicou uma mensagem direcionada a apoiadores dele e do presidente afirmando que, “dentro do que a democracia permite”, ele não recuará do que declarou.
“Não, eu não fiz nada para ser preso, ok? Claro que nós estamos vivendo em um estado de exceção no Brasil, é claro, portanto, em um estado de exceção você pode ser preso”, publicou. Ele ainda disse que Alexandre de Morais tem orientação “ditatorial” e que “não deve nada a ninguém”.
“O ministro Alexandre de Moraes, que tem tido um comportamento autoritário e, por isso, que eu já adjetivei o comportamento dele como déspota”, completou o parlamentar.