PARA SE CONHECEREM

General minimiza reunião com Anderson Torres na antevéspera do 8/1: ‘Cafezinho de cortesia’

Ex-chefe do Comando Militar do Planalto informou ao então secretário de Segurança Pública do DF que pessoas em situação de rua tomavam acampamento em QG

Por Hédio Ferreira Júnior
Atualizado em 30 de maio de 2025 | 17:57

BRASÍLIA – O general do Exército Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto, afirmou nesta sexta-feira (30) que a reunião com Anderson Torres na Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, em 6 de janeiro de 2023, foi uma “visita de cortesia” em que tomaram um “cafezinho” para se conhecerem.

Torres havia acabado de reassumir o cargo após o fim do governo de Jair Bolsonaro (PL), de quem foi ministro da Justiça. Segundo o militar, o secretário o convidou por ele ser comandante das áreas subordinadas ao Exército Brasileiro das quais o DF faz parte — junto com o Estado de Goiás, parte de Tocantins e a região do Triângulo Mineiro.

Dutra minimizou a relevância do convite de Torres, que naquela mesma noite informou a ele que viajaria de férias aos Estados Unidos, onde depois teve a prisão decretada após as invasões e depredações das sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023.

“Foi um cafezinho de cortesia para a gente se conhecer”, afirmou. O encontro teria durado “de 15 a 20 minutos”.

“Acampamento esvaziado”

Em depoimento à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), como testemunha de defesa de Torres nesta sexta-feira (30), o general contou ter aproveitado a ocasião para pedir a presença da secretária de Desenvolvimento Social do DF, Ana Paula Marra, no encontro.

O motivo seria buscar uma providência a respeito do acampamento de manifestantes bolsonaristas em frente ao QG do Exército em Brasília, que estaria “tomado por pessoas em situação de vulnerabilidade”. “Mas basicamente foi um cafezinho”, insistiu.

“Eu mostrei para o secretário Anderson Torres que o acampamento [no QG] estava bastante esvaziado, praticamente vazio — havia duzentas e poucas pessoas. A maior parte estava em situação de rua, e eu pedi para a Secretaria de Desenvolvimento Social tratar dessas pessoas que requerem tratamento especial."

Dutra é atualmente o 5º subchefe do Estado-Maior do Exército e foi chefe do Comando Militar do Planalto. Dias depois foi exonerado da função pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na tentativa de realizar uma “limpeza” entre militares envolvidos com os atos daquele segundo domingo de 2023.

Desmobilização de acampamento estava prevista para 10 de janeiro

Em depoimento mais cedo no STF, a secretária de Desenvolvimento Social do DF, Ana Paula Marra, informou que havia acertado com Anderson Torres a entrada de equipes das duas secretarias no acampamento em 10 de janeiro. 

O objetivo seria filtrar quem estava em vulnerabilidade social no local — como moradores em situação de rua e pessoas de outros Estados que não tinham como retornar para casa —, para que, posteriormente, as forças de segurança entrassem no espaço e desmobilizassem o agrupamento.