BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentará a líderes partidários da base governista, na noite deste domingo (8), o pacote da equipe econômica alternativo ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).  

O encontro será em Brasília e contará com a presença do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que já adiantou que pode pautar a derrubada do decreto do IOF na terça-feira (10) se os novos ajustes não agradarem aos líderes. 

“Nós temos um respeito muito grande ao respeito de líderes. Nós vamos amanhã, depois da apresentação, decidir sobre o PDL [projeto de decreto legislativo para derrubar a decisão do governo] que pode entrar na pauta na próxima terça-feira. Tudo isso será deliberado após essa conversa de amanhã”, disse na saída do Fórum Esfera, no sábado (7). 

O pacote alternativo deve conter, pelo menos, uma proposta de emenda à Constituição (PEC), um projeto de lei e, talvez, uma medida provisória. Todas as vias precisam de aprovação pelo Congresso Nacional para que entrem em vigor. 

O aumento do IOF foi anunciado pelo governo em maio como medida para aumentar a arrecadação e cumprir a meta fiscal, mas não foi bem recebido pelo Congresso Nacional. O movimento de derrubada foi articulado pela oposição, mas conta com o apoio de líderes de partidos de centro, por exemplo, capazes de somarem votos para que a medida seja sustada. 

Tanto Motta, quanto o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), aram a cobrar publicamente que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se debruce sobre reformas estruturais.  

"Não podemos rever o decreto sem, antes, discutirmos uma agenda estruturante para o país”, disse Alcolumbre após reunião com Lula, Haddad, Motta e outros atores políticos na última terça-feira (3).

"Tenho certeza que está sobre a mesa uma agenda estruturante de país, não para um ano. Quero externar publicamente que tenho convicção absoluta de que é o único caminho para prosperarmos no Brasil”, completou o presidente do Senado, que ainda não confirmou se estará na reunião deste domingo.

Na agenda estrutural, as propostas mais defendidas pelo presidente da Câmara são a reforma istrativa e o fim de isenções fiscais.  

Na segunda-feira (2), Haddad declarou que prefere “soluções estruturais como qualquer ministro da Fazenda”, sem adiantar as medidas em debate, e ressaltou que a área que comanda “não pode perder a iniciativa” na discussão fiscal. “Se você perguntar para qualquer ministro da Fazenda o que ele prefere, são soluções estruturais. Se o Congresso está dizendo que também prefere, é muito melhor para o país".  

No sábado, Motta discursou no palco do Fórum Esfera e declarou que o país está em uma “encruzilhada” e a por “um dos raros momentos” em que "precisa escolher entre adiar o inevitável ou enfrentar o inadiável”.    

O presidente da Câmara voltou a defender o avanço de medidas estruturais, como a reforma istrativa e o fim de isenções fiscais, e destacou que “não há justiça social com irresponsabilidade fiscal, não há crescimento com improviso e não há futuro possível para um país que insiste em empurrar a conta adiante esperando que ela se resolva com mágica ou discurso”. 

Também no sábado, Lula afirmou, em entrevista durante viagem à França, que "está tudo acertado" nas tratativas sobre o IOF. "Pode ficar certo que vai acontecer exatamente aquilo que nós acertamos, sem briga e sem conflito. Apenas fazendo aquilo que tem que ser feito: conversar, encontrar uma solução e resolver. Só isso”, garantiu.