BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu à advogada Eunice Paiva (1929-2018) a Ordem de Rio Branco, uma das principais condecorações do Estado brasileiro. O decreto foi publicado nesta quarta-feira (28) e também é assinado pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.
Eunice Paiva teve o marido, o ex-deputado federal Rubens Paiva, levado de casa por agentes da ditadura militar e morto pelo regime, em 1971, no Rio de Janeiro. O corpo nunca foi localizado e somente 25 anos depois, o Estado brasileiro reconheceu a morte do ex-parlamentar.
Ao longo das décadas, Eunice teve papel importante na busca de informações pelo marido e se notabilizou pela defesa dos direitos humanos e dos povos indígenas.
Sua figura ganhou ainda mais notoriedade com o sucesso do filme brasileiro “Ainda Estou Aqui”, vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional neste ano. A atriz Fernanda Torres, que interpretou a advogada, venceu o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Cinema - Drama.
“A trajetória de Eunice Paiva é considerada exemplo de coragem na luta contra a opressão da ditadura e em favor de liberdades democráticas e dos direitos dos povos originários, causa a que também se dedicou. Seu percurso é visto como paradigma para os que buscam preservar e fazer avançar o Estado Democrático de Direito”, diz o Palácio do Planalto.
O título póstumo foi concedido no Quadro Suplementar da Ordem de Rio Branco, no grau de Comendador. Criado em 1963, o prêmio tem como objetivo congratular pessoas que prestam “serviços meritórios” e demonstram “virtudes cívicas”, com o fim de “estimular a prática de ações e feitos dignos de honrosa menção”, segundo o governo. O nome faz referência ao Barão de Rio Branco, considerado o patrono da diplomacia brasileira.
Em 8 de janeiro deste ano, o governo Lula anunciou a criação do Prêmio Eunice Paiva de Defesa da Democracia, concedido pela Advocacia-Geral da União, para dar visibilidade a pessoas que tenham “colaborado de forma notória, seja por atuação profissional, intelectual, social ou política, para a preservação, restauração ou consolidação do regime democrático no Brasil”.