BRASÍLIA - Sem mencionar diretamente o presidente Donald Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta quarta-feira (9) ações do presidente dos Estados Unidos, como o “tarifaço” e a deportação de imigrantes ilegais.
Diante desse cenário de "interferência de potências" que querem "restaurar antigas hegemonias", Lula pediu mais união às nações da América Latina e destacou que "guerras comerciais não têm vencedores".
A declaração foi dada durante discurso do petista na 9ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), em Tegucigalpa, capital de Honduras.
"Agora, nossa autonomia está novamente em xeque. Tentativas de restaurar antigas hegemonias pairam sobre nossa região", disse. "Migrantes são deportados e humilhados de forma degradante. Tarifas arbitrárias desestabilizam a economia internacional e elevam os preços. A história nos ensina que guerras comerciais não têm vencedores", acrescentou.
A fala do presidente refere-se à decisão de Trump de impor tarifas adicionais a produtos exportados de outros países. Desde que o anúncio foi feito, nações também anunciaram elevação de tarifas comerciais contra os produtos norte-americanos, como a China, o Canadá, o México e a União Europeia.
"Se seguirmos separados, a comunidade latino-americana e caribenha corre o risco de regressar à condição de zona de influência em uma nova divisão de superpotências. O momento exige que deixemos as nossas diferenças de lado", afirmou Lula.
O presidente comentou também sobre a proposta do Brasil de uma candidatura única latino-americana para o cargo de secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que ficará vago no próximo ano. O petista pediu que a cúpula considere uma mulher para o cargo, já que a ONU, até hoje, nunca foi liderada por uma mulher.