CÂMARA DOS DEPUTADOS

Pressionado por governo e oposição, Motta sai de 'feriadão' e adia posição sobre anistia

O presidente da Câmara está em viagem particular e não divulgou o destino; o vice-presidente da Casa, Altineu Côrtes, está à frente dos trabalhos nesta semana

Por Lucyenne Landim
Publicado em 14 de abril de 2025 | 15:15

BRASÍLIA - O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidiu ampliar seu “feriadão” e se ausentar do trabalho nesta semana em meio às cobranças de via dupla que recebe pela anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.

De acordo com a equipe de Motta, ele está em viagem particular e não divulgou o destino. O vice-presidente da Câmara, deputado Altineu Côrtes (PL-RJ), é quem comanda a Casa. Altineu é um dos articuladores da anistia junto ao líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ). 

Por conta do feriado da Semana Santa nesta semana e de Tiradentes no início da próxima, Motta dispensou os deputados de marcarem presença em Brasília nos próximos dias, liberando votações por meio de um aplicativo de votações. 

O presidente da Câmara é cobrado pela oposição a colocar em pauta um requerimento de urgência ao projeto de lei da anistia. O grupo tem a proposta como prioridade e já protocolou um pedido de urgência, que precisa ser votado pelo plenário. 

A urgência acelera a análise de um texto, tirando o rito das comissões e levando o tema direto ao plenário. Sóstenes tinha a intenção de protocolar o requerimento na próxima semana, na volta dos parlamentares presencialmente, mas adiantou o plano e apresentou oficialmente o pedido nesta segunda-feira (14). 

Já a base governista pressiona Motta em outro sentido, para que a anistia não avance. O tema é apontado como inconstitucional pelo grupo político ligado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nessa ala, a articulação já é tocada pela ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. 

Além de se afastar da pressão pela anistia, Motta deixou a Câmara em meio a outro ime. O deputado Glauber Braga (Psol-RJ) dorme desde a última quarta-feira (9) dentro do espaço onde ocorreu a reunião do Conselho de Ética que aprovou um parecer favorável à cassação de seu mandato. 

O deputado também faz uma greve de fome que já dura mais de 130 horas. Ele está sem comida, mas mantém hidratação com água, isotônico, água de coco e soro. Motta não se posicionou publicamente sobre o protesto feito por Glauber dentro da Câmara.