De volta ao cenário político e decidido a entrar na disputa pelo governo de Minas Gerais em 2026, o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (sem partido) teve um "encontro casual” com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, do Partido Liberal (PL), no último final de semana. Foi em Itaipava, distrito de Petrópolis (RJ), perto da divisa com Minas Gerais. 

Kalil foi de moto ar o fim de semana na casa de um amigo em um dos condomínios da região. De acordo com alguns interlocutores, o governador do Rio estava no mesmo condomínio, soube da presença do ex-prefeito de BH, e houve o “encontro casual”.

Castro e Kalil aram algumas horas da tarde de domingo juntos, “em uma conversa informal, tomando cerveja” na casa do amigo do ex-prefeito. No cardápio, estavam os cenários para 2026, em Minas, no Rio e no Brasil. “Foi um papo muito agradável e interessante para os dois”, contou um interlocutor. “Eles tiveram uma conversa boa sobre as perspectivas para as eleições em 2026.” 

No ano que vem, a população voltará às urnas para escolher quem vai ocupar os cargos de presidente do Brasil, governadores de Estados, senadores, deputados federais e estaduais.

Alexandre Kalil, que se desfiliou do PSD no ano ado e ainda está sem partido, já decidiu que estará na disputa novamente para o cargo de governador de Minas Gerais. Ainda não há uma definição sobre o partido que irá se filiar, mas é certo, por enquanto, que ele vai querer se viabilizar como um candidato de centro, descolando a imagem associada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e também não estando ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível e, em Minas, vai apoiar algum candidato do PL ou aliado à legenda.

Até agora, menos de um ano e meio das eleições, alguns possíveis nomes colocados nesse espectro ideológico da direita em Minas Gerais são os do senador Cleitinho Azevedo (Republicanos) - que durante a campanha para prefeitura em BH no ano ado, se colocou pessoalmente à disposição de Bolsonaro; o nome do deputado federal Nikolas Ferreira (PL), que atrai milhões de seguidores nas redes sociais e que, conforme informações do meio político, ainda não quer concorrer a um cargo executivo. 

Outro nome da direita é o do vice-governador Mateus Simões (Novo), que tem intensificado sua agenda no Estado e é o candidato do governador Romeu Zema (Novo), que não pode se reeleger, pois está em segundo mandato. Em março, em entrevista exclusiva a O TEMPO, Simões disse que quer estar ao lado de Cleitinho e de Nikolas. Porém, possivelmente, os dois candidatos mais ligados a Bolsonaro não vão querer deixar de ser cabeça de chapa.

Kalil quer ser um candidato de centro porque na perspectiva dele é onde há mais chances em Minas, já que o presidente Lula, por enquanto, não tem um nome forte para concorrer em um Estado tão estratégico. Lula já disse diversas vezes que quer o senador Rodrigo Pacheco (PSD), ex-presidente do Congresso Nacional, no governo do Estado. Mas Pacheco ainda está oficialmente calado sobre esse desejo de Lula de que ele seja o nome apoiado pelo PT.

“Lula não está bem no cenário nacional, e isso vai refletir em Minas", disse um interlocutor. Por outro lado, o entendimento é que os candidatos da direita vão estar mais radicais no ano que vem, e o ex-prefeito também não quer vincular sua imagem a essa estratégia. "Nesse momento, Kalil está conversando com muita gente."

Nas ultimas eleições para presidente da República, em 2022, Alexandre Kalil fez campanha para o presidente Lula. Ele era candidato para o governo de Minas. Em 2016, foi eleito prefeito de Belo Horizonte pela primeira vez. À época no PHS, teve 53% dos votos no segundo turno, vencendo João Leite (PSDB). Já no PSD, foi reeleito em 2020, no 1º turno. Ele teve 63,36% dos votos contra 9,95% de Bruno Engler, à época no PRTB e hoje no PL. Em março de 2022, Alexandre Kalil renunciou ao cargo para disputar o governo de Minas. Ele foi derrotado por Romeu Zema (Novo), eleito no primeiro turno.

Durante a campanha em 2022 e também nos anos seguintes, o ex-prefeito foi muito criticado por alguns ex-apoiadores pelo fato de ter estado com Lula. Em diversas vezes, foi associado como um político ligado à esquerda. Entretanto, nas eleições de 2024, apoiou o deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos), que não chegou ao segundo turno para prefeito de BH. Durante a campanha, Kalil também rompeu com o então prefeito Fuad Noman (PSD), que morreu em março deste ano em consequência de complicações de um câncer. Fuad foi vice de Kalil e assumiu a prefeitura em meados de 2022.

Resta agora saber como está o capital político do ex-prefeito e ex-presidente do Clube Atlético Mineiro para uma nova disputa em 2026. Há um ano e meio, em entrevista exclusiva a O TEMPO, Kalil falou sobre a possibilidade de concorrer novamente. Também falou na época que não devia favores a Fuad Noman nem a outro político, quando questionado sobre quem teria o seu apoio para a prefeitura. Comentou ainda sobre Nikolas e Cleitinho no cenário de 2026.

Sobre o eio de moto em Itaipava, no último final de semana, esse é um dos hobbies preferidos de Kalil e da esposa Ana. Eles sempre viajam juntos, de Harley-Davidson, cada um na sua moto. Já foram para a Argentina e sempre estão em cidades como Tiradentes, Ouro Preto e, também, na região de Itaipava.