O vereador de Belo Horizonte Leonardo Ângelo (Cidadania) declarou nesta semana que se sente parte da “família Aro”, em referência ao grupo político liderado pelo secretário de Governo de Romeu Zema, Marcelo Aro (PP). Segundo ele, a aliança foi um o natural após o isolamento vivido dentro de seu próprio partido.

“Eu acompanho o grupo do Marcelo, é um grupo que me acolheu, foi um político que me deu o que eu nunca tive, foi sensível ao meu trabalho político”, disse. “Hoje eu prefiro me tratar como um independente, mas sou do grupo do Marcelo Aro, sou da família, pode-se dizer dessa forma”, afirmou, ao programa Café com Política, de O TEMPO.

No primeiro mandato como vereador, Leonardo afirma que encontrou respaldo e espaço para aprender no grupo político: “Me sinto acolhido, respaldado. São professores, de alguma forma, dessa vida política. Estou muito disposto a aprender da maneira correta”. Apesar de fazer parte do grupo político, o parlamentar disse que mantém independência nas decisões: “O que for bom para a cidade, contem comigo. O que não for bom, eu estou fora, não consigo pactuar”.

O presidente estadual do Cidadania, João VItor Xavier, classificou a declaração do vereador como "desesperada". De acordo com o dirigente do partido, "a ingratidão é um dos piores defeitos do ser humano". Segundo o deputado estadual, o Cidadania disponibilizou mais de R$ 200 mil do fundo partidário para a campanha de Leonardo Ângelo. "Esse rapaz não tinha nem partido para disputar a eleição, ele opinou na montagem de chapa, que foi feita para a vitória dele. Eu fiquei em estado de choque, é falta de caráter, talvez, por isso, ele não tinha partido", afirmou João Vítor Xavier, que citou ainda o processo de cassação enfrentado pelo parlamentar.

O ex-vereador Reinaldinho Oliveira (PSDB) ingressou com uma Ação contra o vereador Leonardo Ângelo, alegando um suposto abuso de poder econômico. De acordo com a ação, o vereador teria recebido recursos não declarados da campanha do deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos). Reinaldinho é o primeiro suplente da chapa de candidatos da federação formada por PSDB e Cidadania.

"É desespero, ele quer criar tumulto, porque ele sabe que enfrenta um processo duríssimo. Cada vez que ele vier falar mentira a respeito do partido, nós vamos responder. Não vamos deixar um desqualificado, que em pouco tempo estará na lata de lixo, falar de um partido sem mácula. Estávamos tratando desse assunto de forma reservada em respeito à Justiça Eleitoral, mas somos obrigados a nos manifestar", disse o presidente do Cidadania em Minas Gerais. "São agressões vazias. Está desesperado, tentando desqualificar o partido, mas a Justiça é célere e séria. E eu estou à disposição da Justiça para mostrar que ele vendeu seu voto na eleição da Mesa Diretora", completou.

Interlocução com a prefeitura avança após tensão no início do ano

Em fevereiro de 2025, Leonardo Ângelo deu nota zero à relação da Câmara com a prefeitura de Belo Horizonte, que havia acabado de ar à gestão de Álvaro Damião (União Brasil), devido à licença médica do ex-prefeito Fuad Noman. À época, o vereador afirmou não ter tido nenhum tipo de contato com o Executivo.

Agora, o cenário é outro. “Hoje a gente já começa a conversar, já começa a falar da cidade, trocar ideias sobre como meu trabalho também pode complementar o da prefeitura”, disse. Segundo ele, a relação melhorou, embora ainda não tenha tido reunião com o prefeito. O contato tem se dado com o secretário de Governo, Guilherme Daltro.

Leonardo diz que a demora no início do diálogo foi causada por fatores externos, e atribui o distanciamento político ao seu posicionamento na eleição da Mesa Diretora da Câmara, em que apoiou Juliano Lopes (Agir). “A minha palavra havia sido dada para ele. Acho que são resquícios dessa minha posição, dessa verdade que eu carrego”, explicou.

A aproximação com a prefeitura ocorreu, segundo ele, antes mesmo de seu alinhamento com o grupo de Marcelo Aro. “Fui procurado antes pelo secretário de Governo, um ou dois dias antes de conversar com a família Aro e seus parceiros. Coincidência, né?”, disse.

Polarização e eleições de 2026

Leonardo Ângelo reafirmou que pretende cumprir seu mandato até o fim e não pensa em disputar a eleição para a Assembleia Legislativa em 2026. “Estou muito focado em ser vereador”, disse. Ele também afirmou esperar que a corrida eleitoral do próximo ano não atrapalhe os trabalhos legislativos. “Os suplentes vão ter responsabilidades. Representar o cidadão é um desafio diário”.

Crítico da polarização política, o vereador afirmou que busca transitar com equilíbrio entre diferentes campos ideológicos. “Consigo transitar dos dois lados. Sinceramente, acho que polarização é um atraso para a cidade. Eu prefiro trabalhar pela cidade. Não entro nessa disputa”.