Desafios 2024: avançar para não retroceder
Não é rápido nem simples encontrar saída do cenário reacionário
Estamos quase completando um ano da posse do presidente Lula. Uma vitória que nos deu a possibilidade de respirar depois de um longo ciclo de degradação social, econômica, ambiental e política no país. Infelizmente, a realidade demonstrou que não é rápido nem simples encontrar uma saída para o cenário reacionário que tomou conta do mundo com a profunda crise do sistema capitalista. A vitória de Milei na Argentina é um sintoma. Para não retroceder, precisamos avançar.
A disputa política nacional e internacional tem impactos determinantes nas condições de vida da população trabalhadora, mas é nas cidades que as políticas públicas se organizam e se concretizam. O papel do governo Zema em Minas, com a agenda de privatização de direitos como transporte, água, saneamento básico e energia, é seguir com a piora na qualidade de vida do povo e o ataque a serviços e servidores públicos.
Metrô privatizado e tarifa do ônibus
O metrô de BH foi privatizado e logo aumentou ainda mais sua tarifa, antes mesmo de apresentar um plano de expansão das linhas ou qualquer melhoria concreta. Apenas esta semana se iniciam as chamadas “obras de modernização” nas estações Vilarinho e Eldorado. O contrato de concessão exige a reforma de dez estações, no total, até 2025. Outros exemplos como a Enel, no Estado de São Paulo, com apagão e aumento de tarifas, demonstram o que está por vir caso nossas empresas estatais sejam privatizadas também. Portanto, o projeto de Zema precisa ser derrotado.
Já a Prefeitura de BH dialoga com os movimentos sociais, a Gabinetona e os mandatos progressistas sobre as políticas públicas para a cidade, mas, ao mesmo tempo, faz um governo de coalizão que coleciona contradições. Se é verdade que, em parceria com Lula, o prefeito conseguiu o fechamento do aeroporto Carlos Prates e a cessão da área para moradia popular, também é verdade que não aceitou fazer um debate profundo sobre o transporte coletivo e a urgência para viabilizar a tarifa zero. Agora, anuncia um possível “pequeno” aumento da tarifa nos próximos dias. Isso, em menos de um ano da liberação de mais de R$ 500 milhões em subsídios para que a agem de R$ 6 voltasse a ser R$ 4,50. E as reclamações dos usuários sobre a qualidade do transporte não diminuíram.
Se é verdade que a prefeitura sancionou o nosso projeto de lei de incentivo às batalhas de rimas, saraus e slams, com anúncios de ações concretas de melhoria dos espaços públicos para a cultura hip-hop, também é verdade que sancionou um projeto de lei transfóbico que desrespeita a identidade de gênero em templos, eventos e até instituições de ensino confessionais.
Combater política do ódio com esperança
Se é verdade que conquistamos o título de primeira capital a legislar contra a violência obstétrica, a partir da sanção do nosso projeto de lei, também somos a cidade que recusou R$ 18 milhões em emendas parlamentares da deputada Duda Salabert para abrir a maternidade de parto respeitoso Leonina Leonor, na região de Venda Nova.
É por isso que 2024 será um ano determinante: Belo Horizonte vai avançar para não retroceder? A disputa com a extrema direita será duríssima. Para que o campo democrático possa vencer, precisamos combater a política do ódio com a esperança. É preciso firmeza para apresentar um projeto político de uma cidade que é planejada para a maioria. Que ganhem as juventudes que estão fazendo política “na tora” e transformando a realidade em seus territórios para um programa que atenda as necessidades de quem precisa lutar pela sobrevivência. Para isso, o povo periférico deve estar no centro do Orçamento.
É com esse espírito que o PSOL apresenta a pré-candidatura da minha companheira e deputada estadual Bella Gonçalves. Queremos dialogar com a população, movimentos sociais, partidos e pré-candidaturas progressistas para construir uma saída pela esquerda para Belo Horizonte.
Em 2023, primeiro ano do governo Lula, tivemos uma nova chance de respirar. Em 2024, precisamos nos organizar para mais uma etapa da disputa de poder. Estamos em melhores condições. Vamos avançar para que amanhã não seja “só um ontem com um novo nome”, como diz Emicida.