A Ucrânia atacou a ponte do Estreito de Kerch nesta terça-feira (3), utilizando explosivos plantados em pilares subaquáticos. O Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) confirmou a operação, que ocorreu dois dias após Kiev ter bombardeado bases aéreas russas. Este é o terceiro ataque ucraniano à estrutura desde o início do conflito.
"Hoje, às 4:44 da manhã, sem vítimas civis, o primeiro dispositivo explosivo foi detonado", disse a agência em comunicado. "Os pilares de e subaquáticos foram severamente danificados ao nível do leito do mar – auxiliado pelo equivalente a 1.100 kg de TNT."
Filmagens de vigilância divulgadas pelo SBU e verificadas pelo The New York Times mostram a explosão sob a ponte que conecta o território continental russo à península da Crimeia, anexada ilegalmente por Moscou em 2014.
A operação resultou de meses de preparação, durante os quais equipes ucranianas instalaram dispositivos explosivos nas estruturas de e. O objetivo era comprometer elementos específicos da ponte, que se estende por quase 20 km e serve como principal rota de abastecimento para as forças russas no sul da Ucrânia.
Após o ataque, o tráfego na ponte foi interrompido por aproximadamente três horas pela manhã e, posteriormente, por mais duas horas após a publicação do relatório pelo SBU, conforme informações de um canal do Telegram que monitora a operação da estrutura.
Uma foto divulgada pela agência ucraniana mostrou avarias no corrimão da ponte. O blog militar russo Ribar, istrado pelo ex-militar Mikhail Zvinchuk, afirmou que um drone subaquático ucraniano atingiu apenas uma barreira defensiva ao redor de um dos pilares, causando a queda de detritos na estrada acima. A ponte foi reaberta ao tráfego no final da tarde de terça-feira.
A estrutura possui forte valor simbólico para o presidente Vladimir Putin, que presidiu sua inauguração em 2018. Após ataques anteriores, as forças russas realizaram reparos e reforçaram as defesas. Autoridades dos Estados Unidos indicam que os russos implementaram medidas extraordinárias para proteger a ponte, incluindo barreiras subaquáticas e sistemas avançados de defesa aérea.
Em outubro de 2022, um caminhão carregado de explosivos foi detonado durante a travessia, causando uma explosão que rompeu tanques de combustível de um trem que ava pelo local. Dez meses depois, a ponte foi novamente atingida com drones marítimos direcionados aos pilares de e.
O ataque à ponte ocorreu na sequência de uma operação ucraniana contra bases aéreas russas realizada no domingo (1º). Nessa ofensiva, a Ucrânia utilizou drones para atingir bases que abrigavam bombardeiros estratégicos com capacidade nuclear, alcançando pela primeira vez alvos na Sibéria.
Kiev alega ter danificado ou destruído mais de 40 bombardeiros, aproximadamente um terço da frota estratégica russa. Moscou afirma que apenas alguns aviões foram atingidos.
O chefe do SBU, Vasil Maliuk, justificou o ataque à ponte afirmando que a Rússia continuou a usar a ponte "como uma artéria logística para fornecer suas tropas".
No campo de batalha, as tropas russas conquistaram em maio mais do que o dobro do território obtido em abril, capturando cerca de 449 km² de terra, segundo o DeepState, grupo de pesquisa ucraniano. Na região de Sumi, a Rússia avançou aproximadamente 6 km para dentro do território ucraniano ao longo de um trecho de 9 km de fronteira, conforme relatado por Ivan Shevtsov da Brigada Fronteira de Aço da Ucrânia.
Também nesta terça-feira, forças russas dispararam foguetes contra o centro de Sumi, matando pelo menos três pessoas e ferindo outras 25. Em toda a Ucrânia, ao longo do último dia, ataques de drones russos mataram pelo menos 10 civis e feriram mais de 50, segundo autoridades ucranianas.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelenski declarou: "É óbvio: Sem pressão global — sem ações decisivas dos Estados Unidos, Europa e de todos no mundo que têm o poder — Putin não concordará nem mesmo com um cessar-fogo".
(Com informações de Estadão Conteúdo)