Leite de Magnésia como primer: a trend viral que preocupa dermatologistas

O leite de magnésia, tradicionalmente conhecido como antiácido e laxante, conquistou um novo e inesperado espaço na rotina de beleza: o de primer facial. A tendência ganhou força principalmente no TikTok, onde vídeos com milhões de visualizações exaltam a suposta capacidade do produto de controlar a oleosidade e prolongar a durabilidade da maquiagem. Mas, apesar do entusiasmo nas redes sociais, especialistas fazem um importante alerta: o uso do leite de magnésia na pele pode trazer mais riscos do que benefícios.

O apelo é compreensível: quem convive com a pele oleosa busca soluções para garantir o acabamento seco e a fixação prolongada da maquiagem, e o efeito matificante imediato do leite de magnésia parece atender exatamente a essa necessidade. No entanto, esse resultado é apenas superficial e temporário.

“O  leite de magnésia possui pH alcalino, que não é compatível com o pH natural da pele, que tende ao ácido. Essa alteração compromete a barreira cutânea, favorecendo o efeito rebote, ou seja, a pele pode ar a produzir ainda mais oleosidade como mecanismo de defesa”, explica Renata Rocha, dermatologista e parceira de Bio-Oil. Além disso, o uso frequente pode causar ressecamento excessivo, irritações e sensibilização da pele.

Outro ponto crítico é que o produto não foi formulado para uso cosmético. “Embora seja seguro quando ingerido para tratar desconfortos gastrointestinais, ele não foi testado dermatologicamente para aplicação tópica frequente no rosto, especialmente em peles sensíveis ou acneicas”, completa a especialista.

A trend expõe mais uma vez o impacto das redes sociais na popularização de práticas de beleza sem a devida orientação profissional. Por isso, dermatologistas reforçam: antes de adotar qualquer tendência de skincare viral, é fundamental consultar um especialista para avaliar a adequação ao seu tipo de pele e garantir a segurança do método.