Mercúrio do garimpo contamina água, peixes e indígenas
Impacto da substância no organismo é devastador; afeta rins, fígado e causa vários problemas

Apesar de a economia de Boa Vista (RR) sobreviver do garimpo, a atividade agrava tudo ao seu redor, quando se trata de poluição de água, solo e ar. O uso de mercúrio contamina a água, que contamina os peixes, que contaminam os indígenas. O ciclo é simples. Desde 2008, com a crise econômica internacional, o preço do ouro subiu, e o garimpo do mineral se tornou ainda mais atrativo na região. O impacto do mercúrio na saúde também é devastador: afeta rins, fígado, sistema digestório e sistema nervoso, levando a vários problemas.
Segundo o geógrafo Estêvão Senra, até 2016, havia na região alguma estrutura de proteção, que freava o avanço da atividade garimpeira. De 2019 para cá, conforme seu relato, houve uma invasão exponencial.
“O avanço do garimpo sobre as áreas Yanomami se deu por duas principais questões: o processo de desmantelamento da estrutura de proteção dos territórios, com menos investimentos na Funai e no Ibama, e gestões extremamente coniventes. Além disso, o ex-presidente fez discursos públicos favoráveis às atividades ilegais dentro das áreas indígenas e vista grossa em relação à fiscalização, atitudes que geraram mais uma vez uma corrida pelo ouro. O resultado foi uma terra completamente invadida por empresários do garimpo. Além dos impactos visíveis no meio biofísico – desmatamento, contaminação de rios, solo –, estamos agora assistindo ao impacto na saúde das pessoas”, complementa.