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Lançamento de catálogo marca encerramento de mostra que revive história e lendas de BH
Exposição 'Tramontana' ocupa a Fazendinha Dona Izabel até sábado (31/5)
O lançamento de um catálogo marca o encerramento da exposição “Tramontana”, que ocupa salas da Fazendinha Dona Izabel, um casarão histórico na Barragem Santa Lúcia, até este sábado (31 de maio).
Com trabalhos dos artistas visuais Maria Vaz e Marlon de Paula, a mostra usa e combina recursos, como fotografia, vídeo e Inteligência Artificial (IA) para falar de histórias e lendas que povoam o imaginário belo-horizontino.
O catálogo impresso, distribuído gratuitamente durante o evento de encerramento da exposição, apresenta imagens que compõem a exposição e materiais escritos que ampliam sua perspectiva, como o texto crítico assinado pela curadora e pesquisadora Carolina Ruoso, além de textos sobre o processo criativo e as histórias por trás de algumas obras.
Durante o período em cartaz, “Tramontana” recebeu ações paralelas, como conversas abertas com Priscila Musa e Avelin Buniacá, e as oficinas com Gabriela Sá e os artistas idealizadores da exposição, Maria Vaz e Marlon de Paula.
Conteúdo
Sediada em uma das poucas construções remanescentes da antiga Curral Del Rey, apresentada a Marlon e Maria durante o processo de pesquisa do projeto, “Tramontana” começa com uma festa. Mais precisamente, com uma videoinstalação em TVs de tubo que remete à festa na qual o Capeta da Lagoinha disputa uma batalha de dança, em um baile no fim dos anos de 1980, com Ricardo Malta.
Conforme a lenda, após perder, a mulher que dançou com o tinhoso acaricia seu rosto e, sem querer, derruba seu chapéu, expondo o par de chifres daquele ser. Assustada, ela grita e desvia o olhar para o chão, percebendo que seus pés eram como patas de um bode. Os rapazes presentes perseguem a criatura, imaginando ser um homem, que se refugia no banheiro, mas, quando seus perseguidores invadem o lugar, nada encontram, se não um forte cheiro de enxofre.
Depois do baile, na mostra, o público é levado a uma encruzilhada. “Essa é uma palavra que atravessou nossa pesquisa de campo, que coincide com o traçado da cidade planejada, com ruas que se bifurcam, e que, na cosmogonia africana, representa o lugar do encontro”, detalha Marlon. É nesse móbile que estão fotos artísticas que remetem à personagem Luz Del Fuego, nome artístico da atriz, dançaria e escritora Dora Vivacqua, percussora do naturismo no Brasil.
“Vinda de Cachoeira do Itapemirim, no Espírito Santo, com a família, ela ficou famosa depois de se mudar para o Rio de Janeiro. Mas foi em BH que Dora construiu suas memórias”, comenta Marlon, lembrando que ela foi contemporânea de Carlos Drummond de Andrade durante sua estada na capital mineira. O artista imagina que Luz Del Fuego tenha presenciado o episódio em que Pedro Nava e Drummond incendiaram um varal de roupas no casarão dos Vivacqua, com a intenção de ver as moças que viviam lá com suas camisolas.
“Fico pensando na Dorinha vendo esse fogo que consome as roupas das irmãs e acho que isso ajuda a entender essa personagem que ela vai se tornar no futuro”, aponta, acrescentando vê-la como uma figura barroca, que incorpora elementos cristãos, tão comuns no desenho urbano de Belo Horizonte, às suas performances – caso da serpente, presente nas suas apresentações de dança, que causavam frisson.