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'Não há nenhum fotógrafo no mundo como Sebastião Salgado', diz fotojornalista mineiro
Sebastião Salgado morreu nesta sexta (23), aos 81 anos
Natural de Aimorés, o fotógrafo Sebastião Salgado morreu nesta sexta (23), aos 81 anos. O fotógrafo documental e fotojornalista brasileiro faleceu em consequência da malária, doença contraída na década adquirida em 1990 quando estava na Indonésia. A morte dele é sentida em diferentes setores da sociedade, especialmente na fotografia.
Na avaliação do fotojornalista e gestor cultural, Eugênio Sávio, Sebastião Salgado deixa um legado que ultraa as fronteiras das imagens. "Arrisco-me a dizer que não há nenhum fotógrafo no mundo que tenha feito o que ele fez", começa o especialista.
"Ele é um exemplo de vida dedicada a usar a fotografia como forma de transformação, chamando a atenção das pessoas para questões importantes do mundo. Tornou-se fotógrafo tardiamente, após abandonar uma carreira na economia, com o objetivo de contribuir mais com a sociedade", aponta.
Junto da esposa, Lélia Salgado, o fotógrafo criou o Instituto Terra. ONG que atua como centro de recuperação ambiental com sede em Aimorés. "Junto com a companheira, eles fizeram projetos que tiveram ressonância global. Nenhum fotógrafo conseguiu alcançar a extensão e o impacto que ele alcançou. Sempre demonstrou profunda preocupação com o Brasil e, especialmente, com a Amazônia. Acredito que todos os fotógrafos do mundo não plantaram tantas árvores como ele no Instituto Terra", aponta.
Na avaliação do especialista, Salgado esteve sempre à frente de assuntos que hoje são caros para a sociedade. "Recentemente, voltou a focar no Brasil, mas sempre mantendo a relação com temas globais. Foi extremamente visionário ao abordar temas como a migração, algo que começou a fazer há mais de 20 anos, e a crise climática, que ele antecipou com o projeto Gênesis, iniciado há 15 anos. Sua compreensão do mundo é extraordinária e inteligente. Essa obra dele certamente ficará como referência nas últimas décadas. Não houve ninguém tão dedicado, com tanta capacidade de compreender o mundo e de desenvolver uma visão verdadeiramente global", observa.
Qualidade técnica e respeito com quem era fotografado
Uma das características mais marcantes no trabalho de Sebastião Salgado era seus cliques em preto e branco.
"Ele entendeu que o preto e branco era capaz de revelar a essência das coisas, até mesmo em situações inesperadas, como ao fotografar a natureza. Na década de 70, quando começou a fotografar, era esse o tipo de fotografia mais comum. Mas ele nunca migrou para a fotografia em cores; ao contrário, fez do preto e branco sua forma de interpretar o mundo", pondera.
Em seu trabalho, Salgado também evitava o uso de lentes teleobjetivas com objetivo de se aproximar das pessoas e objetos fotografados. "Ele prefere lentes grandes angulares, mais abertas. Outra marca de seu trabalho é a presença constante do retrato. Mesmo mais recentemente, quando ou a fazer menos retratos, manteve sempre essa busca por se aproximar do outro. Suas fotos são consentidas, há uma convivência visual com o personagem retratado, não são imagens roubadas, mas construídas com respeito", relata.