Minas Gerais soma 140 toneladas de sabão em pó falsificado apreendidas em um ano de investigação. A carga mais recente, de 21 toneladas, foi localizada nessa quinta-feira (22 de maio) em um galpão clandestino em São Joaquim de Bicas, na região metropolitana de Belo Horizonte, durante a terceira fase da operação “Lavagem Perfeita”, que apura a falsificação de produtos saneantes no Estado.
Dezenove pessoas foram indiciadas durante a apuração, que identificou uma organização criminosa especializada nesse tipo de crime. Segundo o delegado Magno Machado, da 1ª Delegacia Especializada de Investigação de Fraudes (DECCOF), os produtos apreendidos nessa quinta estavam prontos para serem colocados no mercado e continham excesso de sal, em desacordo com as especificações do fabricante.
Além de ineficazes, os produtos falsificados podem causar reações adversas, como alergias, irritações e infecções de pele, e também geram prejuízo financeiro para a indústria. “Grande parte dessa mercadoria foi retirada antes de chegar ao consumidor. No entanto, há indícios de que parte já tenha sido comercializada, principalmente por supermercados de pequeno porte”, disse o delegado.
Ainda segundo ele, embora comerciantes possam ser responsabilizados criminalmente, a prioridade da polícia é combater a origem do crime. “É mais eficaz fechar as fábricas do que fiscalizar supermercado por supermercado, especialmente considerando o nível de sofisticação da falsificação, que se dá até nas embalagens”, explicou.
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Polo de falsificação
De acordo com a investigação, a própria fabricante original dos produtos apontou o Estado como polo de falsificação de sabão em pó do país. A malha rodoviária ajuda a explicar o motivo das organizações criminosas escolherem Minas para atuar. “Grande parte do material falsificado vem da Bahia e é envasada em municípios da Grande BH, como Igarapé e São Joaquim de Bicas”, afirmou o delegado.
As falsificações utilizam embalagens visualmente idênticas às originais, o que dificulta a identificação do crime por consumidores e comerciantes. A Polícia Civil já realizou apreensões em pontos de venda, mas afirma que o foco atual é interromper a produção ilegal na origem.
Penas
Os investigados foram indiciados por falsificação de produtos saneantes, crimes contra a saúde pública e organização criminosa. A infração está prevista no artigo 273 do Código Penal, com pena de 10 a 15 anos de reclusão — mesma faixa de punição aplicada a casos de tráfico de drogas.