Elas vivem no desvio cruel da rota. São tocadas pelas mesmas mãos que conduzem os volantes, porém dirigidas para um caminho onde o destino não é um lugar – é a dor. Inocentes, sonham em ser como os ageiros que, em poucas horas, já não estão mais presos às estradas. Crianças e adolescentes explorados sexualmente nas rodovias, muitas vezes, só precisam de um olhar real para se libertarem desse trajeto de sofrimento. 

Neste cenário, o Grupo SADA, maior conglomerado de logística e transporte de veículos zero-quilômetro da América Latina, promove várias ações de conscientização sobre o tema e de fortalecimento das redes de proteção à infância. Neste 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, as ações se intensificam, inclusive com a 25ª edição da campanha Faça Bonito, promovida nacionalmente pela Rede Eat Brasil e apoiada pelo grupo.

Conforme dados do Anuário de Segurança Pública 2024, a cada hora, oito menores de idade são vítimas de violência sexual no país. As vítimas em sua maioria são meninas (88,2%) e têm até 13 anos (61,6%).

“Este calendário de ações reforça nosso compromisso com o enfrentamento da exploração sexual contra crianças e adolescentes, uma questão grave que segue presente em muitas localidades do Brasil. Este será o terceiro ano em que participamos ativamente do Faça Bonito, e queremos continuar fazendo a diferença. O nosso objetivo é engajar um número cada vez maior de empresas e sensibilizar as pessoas para mudarmos essa realidade”, afirma Luisa Medioli, diretora de Sustentabilidade do Grupo SADA.

Gerente de Sustentabilidade do grupo, Elisa Cunha reforça a importância da participação ativa dos motoristas nas ações: “É uma categoria que às vezes é vista como vilã, mas, no Grupo SADA, eles são sensibilizados, letrados e treinados para serem agentes de proteção nas estradas”, diz.

Leonardo Santos, 39, é um dos condutores do Grupo SADA que atuam ativamente para proteger as vítimas. Pai de um adolescente de 13 anos, ele roda cerca de 700 km por dia nas estradas do país, sempre atento a qualquer sinal que possa indicar algum tipo de violação contra crianças e adolescentes, lutando por elas com o mesmo cuidado que espera para o filho. “Acredito que é possível mudar essa realidade. Temos que denunciar”, reforça.

A vontade de fazer a diferença pelas vítimas também é o que motiva o empresário da rede SBT de postos de combustíveis Joel Matheus Lopes Ribeiro, 28, a ser parceiro da campanha. Há três anos, ele promove ações da Faça Bonito e faz questão de conscientizar os motoristas que frequentam dois postos localizados na BR-040 – um na altura de Barbacena, no Campo das Vertentes, e outro em Santa Bárbara do Tugúrio, na Zona da Mata. “Os clientes recebem o alerta, e a abordagem nos postos ajuda a ampliar o alcance das ações e prevenir a violência”, conta.

Outra ação do Grupo SADA é o apoio ao Meninadança, que atua pelo enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes. As vítimas atendidas pela iniciativa se redescobrem por meio da dança e do teatro e têm a oportunidade de reescrever a própria história.

Neste ano, a expectativa da organização é impactar 45 mil pessoas com as iniciativas em postos de gasolina, escolas, entre outros. “A mobilização precisa estar em vários lugares. A sociedade precisa ajudar a garantir o direito dessas crianças”, destaca o cofundador, Warlei Torezani.

Engajamento leva à queda dos números 39545w

Os números comprovam a importância de ações de conscientização para a diminuição da exploração sexual de crianças e adolescentes no país.

Superintendente de programas e relações empresariais da Childhood Brasil, Eva Dengler destaca que o programa Na Mão Certa, do qual o Grupo SADA é signatário, já rendeu muitos frutos. Se em 2005 uma pesquisa da iniciativa mostrou que 40% dos motoristas já haviam explorado sexualmente uma criança ou adolescente nas estradas, dados recentes mostram que o número caiu para 10%. A iniciativa tem um projeto de educação continuada, além de mapear pontos vulneráveis nas estradas brasileiras.

“Os motoristas já sabem que não devem se envolver com crianças e adolescentes, entendem que elas são vítimas de um crime, que há uma exploração grave contra elas que, muitas vezes, parte até mesmo do crime organizado”, afirma.

Diretora de Sustentabilidade do Grupo SADA, Luisa Medioli enfatiza que o conhecimento faz com que as pessoas tomem coragem e decidam denunciar os crimes. “Nós queremos firmar cada vez mais parcerias para juntos sensibilizarmos mais pessoas”, conclui ela, que ressalta a importância de salvar a vida e a dignidade das crianças.