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Prefeitura de Ubatuba diz não haver risco de 'bactéria comedora de carne' nas praias
Prefeitura de Ubatuba diz não haver risco de 'bactéria comedora de carne' nas praias
Um homem morreu após apresentar sintomas da fasciíte necrosante, infecção produzida pela bactéria letal
A prefeitura de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, não identificou a chamada ‘bactéria comedora de carne’ em praias do município. Oito praias da cidade estão impróprias para banho, inclusive a praia do Perequê-Mirim, onde um homem de 30 anos teria contraído a bactéria.
Segundo a prefeitura, as informações que circulam sobre o caso são "errôneas". A Santa Casa, onde o paciente ficou internado, também descartou a doença provocada pela bactéria como causa da morte.
O homem morreu no final de abril, após apresentar sintomas da fasciíte necrosante, a infecção produzida pela bactéria letal popularmente chamada de ‘bactéria comedora de carne’. A vítima, que trabalhava em uma marina, havia tomado banho na praia do Perequê-Mirim, uma das mais conhecidas da cidade. O caso repercutiu em redes sociais e gerou alarme.
A prefeitura de Ubatuba diz que, até o momento, não foi identificada qualquer presença da chamada ‘bactéria comedora de carne’ nas análises realizadas nas praias do município. Em comunicado, a Santa Casa de Ubatuba afirma que, após análise criteriosa dos óbitos registrados nos últimos 30 dias, não foi identificada correlação causal com os agentes etiológicos de natureza infectocontagiosa.
A Câmara Municipal de Ubatuba realiza uma audiência pública, no fim da tarde desta sexta, 30, para esclarecer sobre a questão da bactéria que causa a fasciíte necrosante. Os vereadores vão abordar também a poluição das praias. Foi confirmada a presença de representantes da Secretaria de Saúde local e da Santa Casa.
Entenda o caso
O paciente começou a apresentar sintomas no dia 22 de abril. Ele procurou atendimento médico na Santa Casa e, poucos dias depois, no dia 28, veio a falecer. A causa foi atestada como choque séptico, fasceiíte e infecção da mucosa oral. O caso foi levado à Câmara de Ubatuba por familiares da vítima. Houve reação dos vereadores e o caso foi parar nas redes sociais, causando muita preocupação.
A fasciíte necrosante, que teria provocado a morte do paciente, é causada principalmente pela bactéria Streptococcus pyogenes, mas também pode envolver outras, como Vibrio vulnificus, Escherichia coli e Staphylococcus aureus. Os agentes atacam tecidos moles de forma muita agressiva, causando necrose, septicemia e falência múltipla de órgãos em poucos dias. No estágio inicial, não há sintomas visíveis na pele.
Praias impróprias
O vereador Gady Gonzalez (MDB) defende que a Cetesb e a prefeitura apresentem os resultados de análises das amostras de água das praias. "Isso daria aos banhistas e visitantes mais tranquilidade. É importante também que a Sabesp conclua as obras para a ligação de esgotos na rede das praias do Perequê-Mirim e Enseada, pois estão sendo lançados nas praias", diz.
Um relatório da Cetesb sobre a balneabilidade das praias divulgada nesta quinta-feira, 29, apontou que um total de 29 praias estão impróprias para banho, sendo 16 no litoral norte. Em Ubatuba, oito praias das 35 praias monitoradas estão com a bandeira vermelha (proibidas para banho), entre elas a Perequê-Mirim, onde o jovem teria se contaminado. As outras são Rio Itamambuca, Iperoig, Itaguá (Av. Leovigildo, 240), Itaguá (Av. Leovigildo, 1.724), Santa Rita, Lázaro e Prainha de Fora.
A balneabilidade é medida com a coleta de amostras que são analisadas em laboratório. Quando são identificadas mais de 100 colônias de bactérias a cada 100 ml de água, a praia é considerada imprópria para banho. Os banhistas são alertados com a colocação de uma bandeira vermelha na praia, com a informação de "imprópria". Segundo a Cetesb, o banho nas praias sinalizadas pode causar risco à saúde dos banhistas.
Dados do monitoramento da Cetesb indicam que, no final de abril, quando o jovem teria se contaminado, a praia do Perequê-Mirim estava própria, ou seja, não apresentava risco à saúde dos banhistas. Os relatórios divulgados nos dias 13 e 20 de abril indicam que de 7 a 20 de abril as condições da praia eram boas. O funcionário da marina teria se banhado neste período - segundo o pai, os sintomas começaram no dia 22.
A fasciíte necrosante é considerada uma infecção rara, mas muito letal. Os sintomas iniciais incluem dor intensa, desproporcional à lesão aparente, inchaço, febre e calafrios. Com o avanço da infecção, a pele pode apresentar bolhas, escurecimento e necrose visível.
No comunicado, a Santa Casa afirma que investigou a possível infecção "com base em critérios epidemiológicos, respaldo científico e exames laboratoriais, os quais não evidenciaram a presença de patógenos transmissíveis que pudessem justificar preocupações relativas à disseminação de doenças infecciosas no âmbito hospitalar ou comunitário".
A prefeitura de Ubatuba reforçou que a Praia do Perequê-Mirim permanece imprópria para banho, sendo expressamente não recomendado que banhistas entrem no mar em locais sinalizados com a bandeira vermelha, que indica risco à saúde. "Em relação ao caso do homem de 30 anos que veio a óbito, por questões legais e de sigilo médico, não cabe à Prefeitura se manifestar sobre o assunto", diz em nota.
Também em nota, a Sabesp diz que a rede de saneamento básico de Ubatuba está sendo expandida e a região do Perequê-Miim está com 73% da rede coletora de esgoto instalado.
Entenda a doença
O que é:
A fasciíte necrosante é uma infecção bacteriana que afeta os tecidos profundos da pele, incluindo a fáscia muscular e a gordura, mas não necessariamente os músculos subjacentes.
Causas:
Diversos tipos de bactérias podem causar a fasciíte necrosante, incluindo Streptococcus (estreptococos do grupo A) e Staphylococcus.
Sintomas:
Os sintomas incluem dor intensa, vermelhidão, inchaço, febre, bolhas, mudanças na pele (descoloração ou aparência necrosada), e, em alguns casos, choque.
Diagnóstico:
O diagnóstico geralmente é feito com base no aspecto clínico e nos exames laboratoriais.
Tratamento:
O tratamento inclui cirurgia para remover o tecido necrosado (desbridamento), antibióticos intravenosos, e, em casos graves, amputação.
Prognóstico:
O prognóstico depende da rapidez do diagnóstico e tratamento. Se não tratado, a fasciíte necrosante pode ser fatal, mesmo com tratamento, a mortalidade pode ser de 25% a 35%.